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quinta-feira, 30 de abril de 2009

“O Labirinto da Azeitonas” de Eduardo Mendoza


Este, foi mais um dos diversos livros que comprei nos saldos e me custou 2,99€.

Como tinha lido “A cidade dos prodígios” e tinha achado bastante interessante a forma de escrita do autor; simples mas de enredo muito bem construído, que suscitava o interesse sem o “habitual” recurso ao “desgraçadinho” ou “à pobrezinha que depois de sofrer as agruras da vida casa com o sapo, ups, digo príncipe”, resolvi ler este logo que me surgiu a oportunidade.

Percebi que não é o primeiro com o mesmo detective mas, possivelmente, o anterior não apareceu nos saldos…

Como falei já em detective, já entenderam certamente que se trata de um policial. E que policial!

Para começar o referido detective é um psicopata que o Comissário da polícia vai buscar ao hospício para lhe fazer um serviço…

Bom. Aí começa em enredo que poderemos apelidar, no mínimo, de inesperado. Mas podemos estender os epítetos até ao surreal sem que, apesar disso, estejamos a exagerar.

Tremendamente fantasioso, os mistérios e os acontecimentos vão-se avolumando e entrelaçando de forma a caricaturarem a peripécia policial até, como já disse, ao paradoxal.

Todavia é curioso verificar que toda a trama deixa repassar um registo humanístico. Através de uma certa dose de efabulação que, como já disse, vai até ao absurdo, vai-nos alertando para alguns aspectos do comportamento social humano.

Vou já comprar, mesmo sem o benefício do saldo, o primeiro da série que tem o nome sugestivo de “O Mistério da Cripta Assombrada”…

And I rest my case!

“Naus” Patrícia Faria e Mariana Melo


Comprei, para dar a um dos meus afilhados que, tal como eu, gosta de História, um livro considerado “literatura juvenil” que me pareceu, pela pequena sinopse, poderia ser interessante.
Contudo, como não gosto de oferecer livros que não conheço, sobretudo a jovens, li-o para ver se realmente era o que prometia ser.
E realmente achei-o muito interessante. É gratificante verificar que, numa camada de autores mais jovem, surge uma nova perspectiva de dar a conhecer a História.
Neste caso, e como é direccionado para um público juvenil, as autoras baseiam-se em Afonso Ribeiro um jovem de cerca de doze, treze anos (nunca havia muitas certezas da idade por esses tempos), personagem real, para organizarem uma pequena ficção, que conta todos os meandros da partida da armada de Pedro Alvares Cabral com destino à “Índia” e que acaba por descobrir as terras de Vera Cruz.
É muito bom, que a aprendizagem da História comece a ser perspectivada de uma forma mais contextualizada e, neste caso, até mais lúdica pois surge como uma grande aventura (e não foi mesmo das maiores?) … Caso contrário, e é o que tem acontecido, os jovens desinteressam-se por aquele chorrilho de batalhas, datas, tratados que nunca são cumpridos, nomes sonantes e ainda por cima todos parecidos uns com os outros, que não lhe dizem nada e que em nada se assemelham às suas vivências.
Estão, por isso, de parabéns as jovens historiadoras Patrícia Faria e Mariana Melo pelo esforço que aqui desenvolvem. Na minha opinião bem conseguido.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Belíssimo poema numa belíssima interpretação.



Ma liberté interprété par Serge Reggiani

Ma liberté
Longtemps je t'ai gardée
Comme une perle rare
Ma liberté
C'est toi qui m'as aidé
A larguer les amarres
Pour aller n'importe où
Pour aller jusqu'au bout
Des chemins de fortune
Pour cueillir en rêvant
Une rose des vents
Sur un rayon de lune

Ma liberté
Devant tes volontés
Mon âme était soumise
Ma liberté
Je t'avais tout donné
Ma dernière chemise
Et combien j'ai souffert
Pour pouvoir satisfaire
Tes moindres exigences
J'ai changé de pays
J'ai perdu mes amis
Pour gagner ta confiance

Ma liberté
Tu as su désarmer
Mes moindres habitudes
Ma liberté
Toi qui m'as fait aimer
Même la solitude
Toi qui m'as fait sourire
Quand je voyais finir
Une belle aventure
Toi qui m'as protégé
Quand j'allais me cacher
Pour soigner mes blessures

Ma liberté
Pourtant je t'ai quittée
Une nuit de décembre
J'ai déserté
Les chemins écartés
Que nous suivions ensemble
Lorsque sans me méfier
Les pieds et poings liés
Je me suis laissé faire
Et je t'ai trahie pour
Une prison d'amour
Et sa belle geôlière

Et je t'ai trahie pour
Une prison d'amour
Et sa belle geôlière

terça-feira, 28 de abril de 2009

"Poesia in Progress"


O que é a LIBERDADE?

Para o povo negro, no século XVIII, nos Estados Unidos, a morte era sinónimo de liberdade.
Para o grande poeta Tagore é quando um homem é despojado de tudo que se torna verdadeiramente livre.
Para uns não existe, para outros conquista-se, há quem recuse ser livre e quem a busque durante uma vida.
Mas só a poesia consente o pleno acesso à "liberdade livre" de que fala António Ramos Rosa.

No próximo dia 30, palas 21,30, no Café Progresso, a livraria Poetria realiza uma sessão de poesia sobre liberdade(s), conforme cartaz anexo.
A Ana Afonso, Celeste Pereira, André Sebastião, Olga Oliveira e António Pinheiro, juntar-se-ão Serge Reggiani, João Villaret e Charles Chaplin para louvar a liberdade - mãe de todos os sofrimentos e de todos os prazeres.

POETRIA

segunda-feira, 27 de abril de 2009

E a Primavera que teima em não chegar...

(Imagem: "Vendedora de flores" de Diego Rivera)

Olho daqui as flores que tentam, envergonhadas,

sacudir a chuva e resplandecer no jardim.

Mas a Primavera quer mantê-las molhadas

Exige-as submissas, só para ela, assim…

Ouço as aves que cantam alegres,

em trinados frescos e cheios de graça,

ao primeiro raio de sol que no céu lobrigam.

Mas a Primavera, ainda preguiçosa,

inventa chuvas fortes que os pobres fustigam…

Consigo espreitar a verdura fresca dos campos

que brilha forte na limpidez do ar.

Mas a Primavera, essa, teima em não chegar…

Espreito o céu e pressinto, por entre nuvens,

o brilho cintilante do azul do céu.

Mas logo a Primavera corre

e o tapa, invejosa, com um véu…

domingo, 26 de abril de 2009

Apresentação de uma Editora e consequentemente dos seus primeiros livros



Ontem à noite, pelas 10.30 h, no Bela Cruz, em ambiente de discoteca (e não é que até resultou?), fez-se a apresentação oficial de uma nova Editora, a Edita-me, que nasceu aqui na Invicta e que, na minha opinião, ainda vai dar muito que falar.

Para já começou por dar a conhecer as palavras de Filipe Paixão com os belíssimos poemas que poderemos desfrutar no livro “Palavras de Mim”as quais divide em quatro partes distintas pelo seu conteúdo e, talvez, pela sua intenção; bem como as de Jorge Pópulo em “O Oráculo de Fogo” num outro registo, que, citando Filipe Paixão no prefácio do livro “…é antes de mais…um revisitar. Um passeio sobre a vida do autor… Experiências desnudadas do seu existir, que levam o leitor pelos labirintos da sua vivência…”

(Os livros apresentados. Lindos!)

Todo o espectáculo, pois de um espectáculo se tratou, estava muitíssimo cuidado e beneficiava de profissionais de alto gabarito sobretudo no que à música diz respeito. Desde o piano à harpa, a juntar as vozes da Sónia e da Rita tudo correu de forma a proporcionar algo de muito interessante.

As apresentações (leituras) dos livros estiveram a cargo de quatro amadores (eu estava lá) e dos próprios autores.

Correram muito bem. Contudo o brilho poderia ser ainda maior, não fora a luz que podemos dizer não ser a mais adequada para a leitura, e a constante tendência para o feed-back que o nosso microfone, um tanto temperamental, insistia em manter. O que fazia com que estivéssemos a ler e a procurar a melhor posição para o microfone não entrar em resmungos ao mesmo tempo que procurávamos ver as palavras que tínhamos de ler sob aquela luz “esplendorosa” que, como todos sabem, exibem as discotecas.

Portanto, Carlos, e sem falsas modéstias uma vez que me incluo no molho, ESTÁS DE PARABÉNS!

CONTINUA.

sábado, 25 de abril de 2009

Porque 25 de Abril, quer dizer...


(Imagem: Freedom, daqui)

A Cor da Liberdade

Não hei-de morrer sem saber

qual a cor da liberdade.

Eu não posso senão ser

desta terra em que nasci.

Embora o mundo pertença

e sempre a verdade vença,

qual será ser livre aqui,

não hei-de morrer sem saber.

Trocaram tudo em maldade,

É quase um crime viver.

Mas, embora escondam tudo

E me queiram cego e mudo,

não hei-de morrer sem saber

qual a cor da liberdade.


Jorge de Sena