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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Beijo



Foi apenas egoísmo, reconheço.
Mas soube-me a mel
aquele beijo quente e urgente,
quando, já sem sombras,
expurgaste pavores que nos roíam.

Ney Matogrosso no Coliseu do Porto

E ontem tudo começou assim, como eu gosto. Só lá faltaram a Inês e o Fernando. Seria "liiiindo demais"!!!!



Embora mais contido em relação ao exotismo com que nos foi presenteando ao longo dos tempos, uma das suas imagens de marca, não deixou de mostrar a sua exuberante provocação, nos gestos subtis mas inequívocos mas, sobretudo, na sua magistral interpretação.

Foi Ney Matogrosso, no seu melhor, no Coliseu do Porto.



Foi um doce recordar dos belíssimos poemas que interpreta tão bem quando lhe empresta a sua voz magnífica.

"Valeu, viu"!!!

terça-feira, 27 de abril de 2010

De olhos fechados


Fechei os olhos lentamente
mas com tal força
como se de repente
não mais os quisesse descerrar.

Fiquei assim, a arquitectar
de que cor será o nada
que me irá encontrar.

Pensamento



Juntei o polegar ao indicador,
com muito cuidado,
dissimuladamente até,
para pegar no fio
desse furtivo pensamento.
Esse mesmo que me avassala
nas horas frágeis
da frágil madrugada da consciência.
Planeio puxá-lo.
Primeiro com muito jeito.
Depois, quando bem filado,
estripá-lo, arrancá-lo de mim
até que dele não reste
nem a mais leve recordação.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

SARAU DE POESIA EVOCA TOMÁS GONZAGA


(Casa onde nasceu Tomás Gonzaga, no Porto, em Miragaia)

Quarta-feira, dia 28 de Abril, às 21h30 no Bar Labirintho

Poemas de Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes, Paulo Mendes Campos, Tomás Gonzaga, Luís Filipe Castro Mendes e Rui Knopfli serão lidos e declamados no sarau "Os Poetas que Gonzaga Inspirou", que se realiza no dia 28, quarta-feira, às 21H30, no Bar Labirintho, Porto. Manaíra Athayde, Carlos Jorge Mota, Celeste Pereira e Suzana Guimarães são os leitores participantes nesta noite de poesia.

Programado e apresentado por Danyel Guerra, este evento literário-cultural visa assinalar, em ambiente de tertúlia poética, o segundo centenário da morte, na Ilha de Moçambique, do poeta arcádico Tomás Gonzaga, nascido no Porto em 1744.

Atualmente, na sua cidade e país natal, o cantor de Marília não alcança sequer o estatuto de um ilustre desconhecido. Apesar desse esquecimento, a auréola do poeta Dirceu continua luminosa no Brasil. Seus poemas têm inspirado vates do nosso tempo,suscitando frequentes intertextualidades da parte de colegas da estirpe dos acima referidos. Conforme tributou Drummonde Andrade no soneto "Encontro", "é teu poema, a furar o esquecimento dos arquivos, qual flor rompendo a fraga; Poesia eternidade do momento."

Texto de Danyel Guerra

domingo, 25 de abril de 2010

Zeca Afonso - Grândola Vila Morena (letras)



E é tudo quanto me apetece sobre o dia de hoje. Manifestar a saudade!

Descampado


(Imagem: "Golconda" de Magritte)


Confesso que não cuidei possível

tão pesada solidão quando no meio de tantos.

E são tantos os que me rodeiam,

me apertam,me comprimem, me esmagam,

quase ao limite do sufoco.


Porém sufoco, sim.

Mas num aperto de lágrima

que engulo na solidão.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Já quase havia esquecido



Já quase havia esquecido a alegria de reencontrar amizade.
Já quase havia esquecido o conforto de pisar espaços
que foram, tanto tempo, os meus espaços.
Já quase havia esquecido o calor de uns braços
que me apertam com fome de saudade.
Já quase havia esquecido este sentir sem retorno,
este agasalho sem adorno,
que é assim, que está lá,
que não precisa de tempero nem amanho,
que se manifesta sem licença,
que, atrevido, impõe a sua presença
e coloca um brilhozinho
naquele olho aveludado
que nos afaga com carinho…

Já quase havia esquecido o tamanho da saudade!

Civilização!!!!!


(Assim,sim! Pode ser que terminem os sismos erupções vulcânicas, cheias, inundações, secas e todos os outros cataclismos de que se possam lembrar. Apenas não resolve a estupidez...)

Só porque, como disse quem me alertou para a notícia, é algo absolutamente extraordinário que não podia deixar de referir aqui.

Já agora atrevo-me a acrescentar: inacreditável e demasiado mau para ser verdade…

Mulheres acusadas de serem culpadas pelos terramotos no Irão

Um líder religioso iraniano não tem dúvidas: As mulheres pouco modestas espalham o adultério na sociedade e isso faz aumentar os terramotos no país.

Os constantes tremores de terra no Irão têm uma explicação: "Muitas mulheres que não se vestem de forma modesta, desviam os jovens do caminho justo e espalham o adultério na sociedade, o que faz aumentar os terramotos ". Quem o afirmou foi o líder religioso Hojatoleslam Kazem Sedighi num sermão pfeito na Universidade de Teerão, na semana passada.

Na sessão transmitida pela televisão, o destacado clérigo defendeu que as mulheres se devem manter fiéis à modéstia para evitar este tipo de catástrofes naturais. De acordo com a imprensa local, são muitas as jovens que usam a forma de vestir para confrontar os limites impostos pela sociedade iraniana. Usar roupas que revelem os contornos do corpo ou mostrar uma parte do cabelo debaixo dos lenços são algumas das formas mais comuns.

Hojatoleslam Segdighi relembrou que nos últimos dez anos milhares de iranianos morreram em sismos, sendo que a religião deverá ser a chave para evitar tais catástrofes: "O que podemos fazer para evitar sermos soterrados pelos escombros? Não há outra solução senão tomarmos refúgio na religião e adaptarmos as nossas vidas aos códigos morais do Islão".

Segundo os especialistas, Teerão está localizada sobre várias falhas tectónicas, o que a expões à possibilidade de um "terramoto devastador" a qualquer momento. O Presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, já fez saber que tem em curso um plano para construir uma nova capital perto da cidade santa de Qom.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Convite


A convite do Fórum Jovem da Maia e como encerramento da Exposição "A Arte Contra o Cancro" inserida no movimento "Um Dia pela Vida", a Edita-Me leva ao público o "Espectáculo Poético".

A decorrer no Fórum Jovem da Maia (Travessa Cruzes do Monte, n.º 46 * 4470-169 Maia) na próxima sexta-feira, 23/Abr pelas 21h30. Neste espectáculo que será de entrada gratuita, parte da receita das vendas dos livros da Edita-Me (como das restantes obras expostas), reverte a favor da Liga Portuguesa Contra o Cancro.

Contando com a presença de diversos autores que responderam ao apelo da editora e fizeram questão de marcar a sua presença, a Edita-Me associa-se desta forma a este importante movimento.

Estarão presentes os autores:

* Adrião Pereira da Cunha
* Alexandra Malheiro
* Carla Madureira
* Filipe Paixão
* Henrique Normando
* Luísa Azevedo
* Marta Neves
* Ruth Ministro
* Yolanda Freitas


O ilustrador:

* Miguel Ministro


Que autografarão os livros, dando-lhes desta forma um cunho mais pessoal, bem como uma mais valia para quem quiser aderir a esta iniciativa, através da compra das obras, que estarão à venda no local.

Para além destes, participam ainda neste espectáculo:

* Celeste Pereira (Voz)
* Olga Oliveira (Voz)
* Carlos Lopes (Voz)


No aspecto musical, participam:

* 575 Band - [ Pedro Lopes (Piano) e Miguel Motta (Voz) ]
* Bianca Almeida (Voz)


Com a certeza que se viverão momentos únicos e memoráveis, convidamos todos a estar presentes, fazendo de sexta feira, um verdadeiro: Dia Pela Vida!

“A Parábola do Cágado Velho” de Pepetela


Terminei agora mesmo a leitura deste pequeno livro que faz parte de uma colecção de autores lusófonos vendida com a revista Visão.

Como tenho andado um tanto preguiçosa para aqui deixar as minhas impressões acerca do que tenho lido (tenho continuado a ler, naturalmente) esta, vou deixá-la de imediato ou, provavelmente, nunca mais encontrarei o momento adequado.

Gostei muito deste livro de Pepetela. Completamente diferente do registo de outros que eu já havia lido dele. É um romance lindíssimo, uma história de amor e, ao mesmo tempo um registo de costumes bem como do que aconteceu às populações das cubatas durante a guerra. A sua desertificação, a divisão das famílias, a fome, o sofrimento às mãos dos vários “inimigos”, o choque de culturas e, no meio de tudo isto, floresce o amor em toda a sua beleza e com toda a sua pujança.

Escrito numa linguagem que procura aproximar-se da local dada a enorme quantidade de termos próprios utilizados (acompanhados de um glossário), é ingénuo mas ao mesmo tempo de uma sabedoria imensa.

Muito interessante.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Antígona


(Imagem: Alexandra Lucas Coelho e Sr. General Loureiro dos Santos, os conferencistas)

Hoje apetece-me falar da Antígona. Porquê? Podereis perguntar-vos até algo aflitos, quem sabe.
Mas haverá alguma coisa a dizer sobre a Antígona que ainda não tenha sido dito?
Tendo Sófocles escrito esta tragédia há cerca de 2500 anos é muito improvável, pensareis, que haja ainda algo de novo a extrair do seu conteúdo, do seu significado.
Eu também pensava assim.
Contudo, na passada sexta-feira, tive o raro privilégio de ter sido convidada, não só para assistir à representação da citada peça no Teatro Nacional de S. João (na mais prestigiante das companhias, não posso deixar de o referir), como de poder ter acompanhado a Conferência que , tal como outras, antecederão e antecederam a referida representação e têm por tema “Análises ao Fado e ao Sangue”.

Confesso que quando vi o tema fiquei bastante curiosa de saber a forma que os dois conferencistas iriam utilizar para “descalçar esta bota”. É que, assim à primeira vista e sem lhe dedicar muito tempo de atenção parecia algo pouco relacionado com a peça…
Mas, com um pouco de reflexão, entendi que não era assim tão distante como me parecera à primeira vista. Porém, embora tenha vislumbrado um elo de ligação não deixava de considerar um tema difícil de abordar sem se tornar maçador, ou então, repetitivo.

Os conferencistas em causa eram:
Alexandra Lucas Coelho e o General Loureiro dos Santos moderados por Amílcar Correia

Dispensam ambos apresentações. A primeira pelo seu brilhante percurso enquanto jornalista (actualmente, colaboradora do Público), bem como pelo seu conhecimento acerca dos assuntos do Médio Oriente em relação aos quais é uma verdadeira especialista com aquele saber de experiência feito.

O General Loureiro dos Santos porque, além de ter sido Ministro da Defesa nos IV e V Governos Constitucionais, foi actor de uma carreira militar brilhante, autor de inúmeros livros sobre estratégia, artigos em diversas publicações, professor no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas é, neste momento um conferencista requisitado bem como o analista de assuntos militares (nacionais ou internacionais) por excelência. Não é incomum vê-lo num qualquer canal televisivo a comentar acontecimentos do foro do seu vasto conhecimento.

Feitas, como convinha, estas brevíssimas apresentações, passarei a dizer o que a conferência me suscitou.

Alexandra Lucas Coelho deu por título à sua intervenção “As Guerras da Honra”. Abordou o tema de forma brilhante tendo-o ilustrado profusamente com casos verídicos com que ela se deparou em países vários do Médio Oriente, em que a “honra” do homem ainda se lava com sangue ainda que, muitas vezes, com o da mulher…
Falou-nos da honra colectiva: de uma casta, de uma aldeia, de uma religião. E falou-nos dessa “honra” e da sua defesa de uma forma que poderíamos perfeitamente, num momento de distracção, julgarmo-nos ainda a viver o tempo de Antígona . Não o estaremos?
Aliás, parafraseando A.L.C. que por sua vez parafraseia Antígona, temos que “não há pior sofrimento do que viver sem honra”.

É dona de uma escrita (a sua intervenção foi lida), interessantíssima, apaixonada e apaixonante que não nos deixa perder um som de tudo quanto diz.
Francamente muito boa a sua intervenção a qual instigou em mim a vontade de ler os seus livros.

Depois desta intervenção de tão alto gabarito seguiu-se então a do Sr. General que tinha por tema “O Tempo de Sófocles: Os Conflitos (Internos ou Externos) na Antiguidade e no nosso tempo.

Numa perspectiva diferente, dentro do que é a sua área de conhecimento, mimoseou-nos (pelo menos a mim fê-lo) com uma espantosa lição de história em que esteve sempre presente, também, o conceito de “honra” como geradora, moderadora, ou causa de desfecho de conflitos.

Falou-nos, naquele seu tom coloquial de quem está a dizer coisas banais(!), da ordem internacional, dos sistemas militares e da forma de fazer guerra há dois mil e tal anos em plena fase de hegemonia do sistema das cidades-estado. Relembrei as guerras do Peloponeso, relembrei os sistemas autocrático e democrático de Esparta e Atenas. Aprendi algumas das características que diferençavam os exércitos apeados dos que usavam cavalos ou carros que os tornavam tão mais eficazes….
Estabeleceu também um paralelo, se assim pode ser considerado, entre os conflitos na Antiguidade e os do Nosso Tempo. E, espantem-se! Não é que nada mudou?
Nem as causas, nem as diversas formas de exercer o poder ou de a ele reagir nem, tampouco, os diversos tipos de comando ou direcção.
Pelo menos assim o entendi. Mais uma vez, em quase tudo, nos poderíamos reportar a Antígona, ao seu tempo histórico…

É mesmo caso para dizer, e vou tentar parafrasear João Luís Pereira o comissário para a organização deste evento que, ao jantar dizia:
“Mas afinal o que é que temos andado a fazer durante estes dois mil e quatrocentos anos? Sófocles já dizia tudo. Era perfeitamente actual”

domingo, 18 de abril de 2010

Se eu inventasse um deus



(Imagem: "Deus criou Adão, de Michelangelo Buonarroti, abóbada da Capela Sistina)

Se eu achasse necessária existência de um deus
inventaria um para mim.

Um que fosse só meu.
É assim que todos surgem!

Porém, forjaria um diferente
de todos quantos conheço
(e se dizem deus).
Comporia um, como mereço.

Teria de ser belo, claro,
como convém a qualquer divindade.
Poderia até ser mulher
(pela sua sensibilidade)…

Não aceitaria trocas interesseiras de favores.
Não inventaria culpas avassaladoras,
com as consequentes posturas castigadoras
para expurgar não sei bem o quê, ou porquê.

Não exigiria os constantes louvores
que vejo outros aceitar com despudores.

Nunca, mas nunca poderia ser cruel,
permitir o sofrimento sem culpa,
permitir a uma criança saborear o fel.

Não entendo um deus assim…
Austero e misericordioso?!
Isso é fraqueza, não é amor.
É mercantil, é odioso.
Se inventasse um deus,
que fosse só para mim
podem crer que nunca, mas nunca,
seria um deus assim.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

E no Porto é assim



É, meus amigos. No PORTO é assim!!!! Andam a dar boa música aos utentes do metro...

Apreciem só estes meninos!!!! São artistas portugueses (não sei se usam pasta medicinal Couto) mas são muito bons!

É tudo original; letras, músicas, vozes, som...

São os "575 Band"!!!!!!!!

É verdade. Aqui é assim!!!!

E mai'nada!!!!


Mai'nada, não. Podem sempre votar neles ligando para o 76030979901, código 01

domingo, 11 de abril de 2010

Bordar a vida


(Imagem: lenço dos namorados, típico de Viana do Castelo, Vila Verde em que realmente se bordam palavras...)

Pego em letras,
estéreis, quando isoladas,
e tricoto-as cuidadosamente
compondo velhas palavras.
Arranjo estas,
muito delicadamente,
bordando frases.
Pincelo-as com amor, ternura, ilusão,
medo, dor, amargura, solidão …
entrecruzo-as, umas nas outras,
(ponteando aqui e acolá)
em casamentos perfeitos,
em arroubos de paixão.

E assim, devagarinho e só,
sem mesmo me aperceber,
ponto a ponto, nó a nó,
cruzo, a rir ou a sofrer,
a vida que uso para viver.

Donagata 2010-04-08

sexta-feira, 2 de abril de 2010

“a máquina de fazer espanhóis” de Valter Hugo Mãe


Acabei agorinha mesmo de o ler. É certo que costumo dar um tempo de reflexão antes de escrever sobre o que leio. Contudo, foi um apetite grande, uma urgência, que senti em registar já, o que se me oferece dizer sobre o livro. E porquê? Porque sinto ainda aquele travo quase imperceptível, é certo, da decepção… Não que considere que li um livro mau (se é que existem). Não. Atrevo-me (que nestas lides sou de grande atrevimento)até a considerá-lo mesmo muito bom. O problema está nesta coisa das expectativas. É que considerei os livros anteriores do autor excelentes. Considerei possuírem aquela centelha que lhes confere a diferença entre um livro bom e aquele que é algo mais, indefinível, pelo menos por mim, mas que lhe confere um estatuto diferente. Talvez o de livro a não perder… Daí a minha expectativa. Daí procurar, neste, algo ainda mais inspirado o que, no meu ponto de vista, não aconteceu.


Passaram quase duas semanas desde que escrevi as palavras acima.
Decidi então parar ali mesmo pelo receio que tive de, por estar a comentar muito “a quente”, poder, de algum modo condicionar, a minha capacidade de ajuizar.

Pois bem. Depois de uma reflexão bem longa, para o que é habitual, não alterei, em nada a minha opinião.
Continuo a achar que li um livro muito bom, que foca um tema extremamente actual e doloroso, talvez, mas também terno e com lufadas de esperança e de vitalidade. Fá-lo, como habitualmente com um tipo de escrita de qualidade surpreendente. Sem pejos, forte, cativa o leitor desde as primeiras páginas não só pelo conteúdo mas também pela forma.

Confesso, porém, que neste livro, mais do que nos anteriores, pareceram-me um tanto a despropósito algumas liberdades de recriação da língua que, a meu ver, está mais do que criada. É necessário, isso sim, saber esgrimi-la. E Valter, sem dúvida, sabe-o…
É que a não utilização de maiúsculas, concorde eu ou não, é mais ou menos inócua, não causa ruído na leitura. Não prejudica em nada o fluxo narrativo. É uma questão, julgo eu, de “conceito”…
Já a supressão de uma boa parte das marcas do discurso directo utilizando apenas pontos finais (sem as tais maiúsculas, claro) ou a colocação de diálogos entre aspas (citações?), parece-me algo desnecessário mesmo compreendendo eu e aceitando bem a irreverência e o arrojo necessários à criação de novos conceitos de arte.
A literatura é, sem dúvida, uma arte maior. Porém será que temos uma Língua tão pobre, tão inflexível, tão espartilhada na sua forma que temos que a subverter para criar algo novo?
Suponho que não. Outros há que são verdadeiros mágicos da palavra sem desvirtuarem as regras da boa escrita em português.

Uma curiosidade que achei deveras interessante: a utilização do Inspector da Polícia Judiciária Jaime Ramos e do seu ajudante, personagens criadas por Francisco José Viegas, “heróis” dos seus policiais.

Valter Hugo Mãe continua a ser, no meu ponto de vista, um dos autores mais promissores, mais do que promissor, com créditos já bem firmados, de uma nova geração de escritores muito bons.


Já agora, à laia de remate, apenas uma achega. Com esta capa, se não conhecesse o autor, provavelmente nem teria a curiosidade de pegar no livro para ler a sinopse...

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Receita boa

Sugestões para passar bem um dia:

- Ouçam boa música, como a a aqui deixo, por exemplo.

- Leiam boa literatura como a crónica de hoje na Visão de António Lobo Antunes,"Crónica de muito amor". Fantástica.

- Façam por ser felizes...



É isso aí!
Como a gente achou que ia ser
A vida tão simples é boa
Quase sempre
É isso aí!
Os passos vão pelas ruas
Ninguém reparou na lua
A vida sempre continua

Eu não sei parar de te olhar
Eu não sei parar de te olhar
Não vou parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não sei parar
De te olhar

É isso aí!
Há quem acredite em milagres
Há quem cometa maldades
Há quem não saiba dizer a verdade

É isso aí!
Um vendedor de flores
Ensinar seus filhos a escolher seus amores

Eu não sei parar de te olhar
Não sei parar de te olhar
Não vou parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não vou parar de te olhar

É isso aí!
Há quem acredite em milagres
Há quem cometa maldades
Há quem não saiba dizer a verdade

É isso aí!
Um vendedor de flores
Ensinar seus filhos a escolher seus amores

Eu não sei parar de te olhar
Eu Não sei parar de te olhar
Não vou parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não vou parar de te olhar