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sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Perguntem a Sara Gross de João Pinto Coelho


 

Um livro excelente!

 



Não conhecia nada do autor antes de ler este livro. 

Decidi comprá-lo porque me agradou a sinopse e porque percebi que era um autor português a escrever sobre algo que, naturalmente, não tinha vivido embora deva estar no ADN de todos. 

Grande desafio! E como gosto de desafios achei que ler este livro seria algo apropriado.

 

Que boa escolha!

Desde já gosto muito do tipo de escrita do autor; uma narrativa descomplicada mas bonita que nos agarra desde logo. 

As personagens são consistentes, bem construídas e parecem ter vida própria. A dada altura parece-nos que aquela pessoa já não está dependente do curso da narrativa ou das vivências das restantes personagens; tem um percurso próprio que nada nem ninguém pode mudar.

A história começa calma (não desinteressante), num colégio de perfil elitista na Nova Inglaterra. É para lá que Kimberly Parker, uma jovem professora nova-iorquina vai leccionar Literatura. É também aí que se encontra Sara Cross a directora carismática desse colégio.

Kimberly cria com Sara uma empatia imediata. E a vida vai fluindo com a ajuda de Miranda e de Clement, o bibliotecário.

 

Contudo as coisas não são o que parecem; as pessoas escondem segredos fatídicos.  

E é então  que tragédia de repente se abate sobre a escola. A partir daí a história passa a ter outros contornos e arrasta-nos para o drama do Holocausto. 


Viajamos, pasme-se (estamos em plena Primeira Grande Guerra com tudo o que implicava para os judeus), de Nova Iorque para Oshpitzin com uma família judia, abastada e prestigiada que, assim, decide honrar os seus antepassados tentando ajudar à libertação da sua terra ancestral. 


E, paulatinamente, sem que nada possamos fazer vamos assistindo  ao evoluir do horror. 

Desde o gueto de Cracóvia a Auschwitz, símbolo de toda a degradação humana vamos sendo mais um a sofrer com o que se desenrola perante nós.

É que a diegese é muito imagética e as imagens são vívidas, fortes e dolorosas.

A narrativa vai-se desenrolando poderosa, sem pieguices, sem recurso a vínculos morais, mostrando as várias perspectivas de um mesmo acontecimento com rigor, com frieza até, deixando-nos a nós, leitores, o ónus de julgarmos.  


Não me vou estender mais pois corro o risco de dizer demais.

 

Adorei o livro e recomendo vivamente; o livro e o autor.

 

2021-05





 

Não me vou estender mais pois corro o risco de dizer demais.

 

Adorei o livro e recomendo vivamente; o livro e o autor.

 

2021-05