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sábado, 29 de novembro de 2008

Desafio musical

A Sofia, mais uma vez meteu-me em alhadas ao propor-me o seguinte desafio:

  • Disponibilizar uma foto minhaAqui estou num dos meus melhores momentos.
  • Escolher um cantor ou banda Sérgio Godinho
  • Responder às questões com músicas desse(a) cantor ou banda;
  • Passar o desafio a quatro bloggers.

  1. És homem ou mulher? – Balada da Rita
  2. Descreve-te – Com um brilhozinho nos olhos
  3. O que pensam as pessoas de ti? – O Espectáculo
  4. Como descreves o teu último relacionamento? – Bom prazer
  5. Descreve o estado actual da tua relação – É tão bom
  6. Onde querias estar agora? – Maré Alta
  7. O que pensas a respeito do amor? – Primeiro gomo da Tangerina
  8. Como é a tua vida? – Visita Guiada
  9. O que pedirias se pudesses ter só um desejo? – A noite passada
  10. Escreve uma frase sábia – Bíblias de um Deus ateu


E agora é a vez de:

A Nuvem

O André

O Brain

A Susana


se desenrascarem!


"O dia em que a noite se perdeu" de Jorge Araújo


Não conhecia o autor, cabo-verdiano, quando, depois de ler a pequena sinopse que o acompanha, decidi comprar o livro.

Talvez o facto de abordar um tema pouco falado, a sexualidade dos “menos jovens” (a não ser em livros de cariz “científico”), me tenha espevitado a curiosidade.

O livro resume-se a uma noite de insónia que surge precisamente no dia em que o protagonista completa noventa anos.

Ao longo dessa longa noite vai recordando momentos da sua vida. Estes, têm sempre por tema o sexo. A forma como se iniciou nos prazeres carnais, as suas performances com as diversas mulheres da sua vida, o orgulho na sua evidente virilidade, até à sua perda e a forma como a encarou. A par, vai-nos falando também de outras maneiras de viver a sexualidade bem como de algumas restrições que a sociedade impõe às suas manifestações nestas idades; normalmente mal vistas e desencorajadas.

Uma ficção interessante, de leitura simples e que aborda o tema de uma forma bastante feliz.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Gonçalo M. Tavares premiado em Trieste


Conselhos inúteis

Não é um roubo retirares da paisagem
uma andorinha ou uma cadeira, mas não é simpático.
Daí a considerares o que digo um convite à imobilidade,
parece-me exagero.
Move-te, sim, mas acrescentando
coisas e assuntos à paisagem onde entras. Eis só.

Gonçalo M. Tavares
in "1", Relógio D'Água Edi

Com este pequeno poema quero apenas anunciar que o seu autor Gonçalo M. Tavares, acabou de vencer o X Prémio Internacional Trieste 2008, em Itália, com o livro “1” publicado pela editora Relógio D'Água.
O Prémio, no valor de 1.500 euros e uma obra de arte, será entregue ao autor no próximo dia 21 de Novembro, em Trieste.
Este prémio já galardoou os poetas Justo Jorge Padròn, Espanha (1999), Álvaro Mutis, Colômbia (2000), Mateja Matevski, Macedónia (2001), Oliver Friggieri, Malta (2002), Arturo Corcuera, Peru (2003), Amadou Lamine Sall, Senegal (2004), Miguel Barnet, Cuba (2005), Tahar Ben Jelloun, Marrocos (2006) e Omar Lara, Chile (2007).

Gonçalo M. Tavares não é propriamente um neófito no que diz respeito a prémios.

Muito novo (apenas com 38 anos), tem já uma vasta obra quer de romance quer de poesia.

Mais um motivo para nos orgulharmos.

O livro já se encontra à venda nos locais habituais. Recomendo, contudo, a Poetria, a emblemática livraria portuense dedicada apenas à poesia e ao teatro que o envia, mediante pedido, à cobrança, pelo valor de 14 €, através do E-mail:

poetria.livraria@gmail.com,

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Tertúlia no SOLMAIA


(Imagem: "Poetry reading" by Shery)

E lá se realizou a segunda tertúlia de poesia no Healthclub Solmaia. A sala esteve muito cheiinha e, sobretudo, estiveram presentes as pessoas que realmente se interessam pela poesia e pelos momentos emocionantes mas também divertidos que esta nos pode proporcionar.

Sei também que houve ausentes que teriam feito tudo para estar presentes, mas não puderam (a macumba não resultou Susana). Para esses, também sopraram os nossos poemas e julgo que os terão recebido como uma daquelas brisas agradáveis que nos revoluteia os cabelos e nos acaricia o rosto.

Houve mais elementos a declamar, a selecção foi muito cuidada, o guião estava organizado e apresentado com especial esmero (fruto do apoio generoso do departamento de design) e o Luís esteve espantoso nas composições que interpretou com a sua guitarra folk. Algumas delas serviram de fundo a alguns poemas tendo-os abrilhantado ainda mais.

No fim foram muito agradáveis os momentos de convívio entre todos os que lá estávamos, enquanto tomávamos um chazinho e petiscávamos uns docinhos. Bom, docinhos num healthclub! …. Mas um dia não são dias e hoje é Domingo! Além disso ninguém era obrigado a comê-los.

Deixo-vos com uma pequena amostra do que lá foi dito:

Cão

Cão passageiro, cão estrito
Cão rasteiro cor de luva amarela,
Apara lápis, fraldiqueiro,
Cão liquefeito, cão estafado
Cão de gravata pendente,
Cão de orelhas engomadas,
de remexido rabo ausente,
Cão ululante, cão coruscante,
Cão magro, tétrico, maldito,
a desfazer-se num ganido,
a refazer-se num latido,
cão disparado: cão aqui,
cão ali, e sempre cão.
Cão marrado, preso a um fio de cheiro,
cão a esburgar o osso
essencial do dia a dia,
cão estouvado de alegria,
cão formal de poesia,
cão-soneto de ão-ão bem martelado,
cão moido de pancada
e condoído do dono,
cão: esfera do sono,
cão de pura invenção,
cão pré fabricado,
cão espelho, cão cinzeiro, cão botija,
cão de olhos que afligem,
cão problema...
Sai depressa, ó cão, deste poema!

(Alexandre O'Neill, 1924-1986, Portugal


Hoje amo-te porque

Hoje amo-te porque é sábado
E as paredes ecoam o teu nome.
E a chávena de café tem a marca dos teus lábios.

Amo-te porque é manhã e eu não dormi.

Porque a saudade é mais forte que o cansaço,

Que a noite, que a vida, que eu...

Amo-te porque me fazes chorar,
E porque só tu consegues fazê-lo.

Amo-te porque entra vento morno pela janela,

E os meus pés descalços dançam,
E o sol toca-me a pele como se fosses tu.

Hoje amo-te porque os pássaros cantam por mim.

E eu, sorrio por eles.

Ruth Ministro