Ao ler as primeiras páginas do livro referido fiquei completamente perplexa. Atendendo a que conheço Manuela Gonzaga como jornalista, historiadora, com uma tese de mestrado em desenvolvimento que trata da génese da expansão portuguesa se bem que também ficcionista, foi com absoluto espanto que fui lendo as primeiras páginas deste seu livro mais recente.
As personagens são do mais absurdo possível, retratando de forma também absurda estratos sociais bem definidos, muito superficiais e folhetinescas.
À medida que prosseguia na leitura, fui criando uma opinião um pouco diferente: penso que todo este absurdo a todos os níveis (até em termos de linguagem) tem como intenção satirizar a chamada literatura “light”, seja lá isso o que for.
Manuela Gonzaga, numa colagem ao modelo e aos parâmetros do romance cor-de-rosa, constrói uma crítica carregada de humor e de referências a lugares comuns de carácter social e cultural; uma sátira mordaz ao que de mais superficial e frívolo tem a nossa sociedade neste já Sec. XXI. Não falta a trintona de boas famílias, rica mas destravada, patrocinada para aparecer nas revistas cor-de-rosa, o editor de obras de referência desiludido e falido querendo um bestseller mesmo que de má qualidade literária, a mãe solteira, gira e culta, a empregada doméstica de leste que é médica, o escritor medíocre bem sucedido, o conde rico que se apaixona pela strip teaser, o fotógrafo gay... e mais não digo ou estragaria o gozo da descoberta.
Interessante a utilização de textos de introdução e de finalização em cada capítulo. Os primeiros fazem um resumo dos capítulos anteriores e os segundos destinam-se a levantar as várias hipóteses de prosseguimento da trama, procurando “prender” o leitor, bem à laia dos folhetins radiofónicos dos quais,confesso, já não me recordo muito bem, assim como das telenovelas (essas completamente actuais e em força) nas suas “cenas dos próximos capítulos”.
Enfim, vale pelo humor, pela ligeireza com que se lê e pela (espero eu que não apenas suposta) crítica à tal literatura ultra light mas de grande sucesso em termos de vendas que é , no final, o género em que o próprio livro se insere... Ou não?
As personagens são do mais absurdo possível, retratando de forma também absurda estratos sociais bem definidos, muito superficiais e folhetinescas.
À medida que prosseguia na leitura, fui criando uma opinião um pouco diferente: penso que todo este absurdo a todos os níveis (até em termos de linguagem) tem como intenção satirizar a chamada literatura “light”, seja lá isso o que for.
Manuela Gonzaga, numa colagem ao modelo e aos parâmetros do romance cor-de-rosa, constrói uma crítica carregada de humor e de referências a lugares comuns de carácter social e cultural; uma sátira mordaz ao que de mais superficial e frívolo tem a nossa sociedade neste já Sec. XXI. Não falta a trintona de boas famílias, rica mas destravada, patrocinada para aparecer nas revistas cor-de-rosa, o editor de obras de referência desiludido e falido querendo um bestseller mesmo que de má qualidade literária, a mãe solteira, gira e culta, a empregada doméstica de leste que é médica, o escritor medíocre bem sucedido, o conde rico que se apaixona pela strip teaser, o fotógrafo gay... e mais não digo ou estragaria o gozo da descoberta.
Interessante a utilização de textos de introdução e de finalização em cada capítulo. Os primeiros fazem um resumo dos capítulos anteriores e os segundos destinam-se a levantar as várias hipóteses de prosseguimento da trama, procurando “prender” o leitor, bem à laia dos folhetins radiofónicos dos quais,confesso, já não me recordo muito bem, assim como das telenovelas (essas completamente actuais e em força) nas suas “cenas dos próximos capítulos”.
Enfim, vale pelo humor, pela ligeireza com que se lê e pela (espero eu que não apenas suposta) crítica à tal literatura ultra light mas de grande sucesso em termos de vendas que é , no final, o género em que o próprio livro se insere... Ou não?
Pequeno excerto que penso ser, de algum modo, elucidativo:
“...De resto, logo às primeiras linhas do romance (...) pensou filosoficamente: «Esta merda é uma bosta. E esta bosta cheira a dinheiro que tresanda. O enredo é mau, as personagens péssimas, os diálogos um desastre. Mete sexo página sim, página não. Fala de gente de política. Faz uma perninha com o futebol, aliás um belo empernanço. Temos hipótese de bestseller»”
“...De resto, logo às primeiras linhas do romance (...) pensou filosoficamente: «Esta merda é uma bosta. E esta bosta cheira a dinheiro que tresanda. O enredo é mau, as personagens péssimas, os diálogos um desastre. Mete sexo página sim, página não. Fala de gente de política. Faz uma perninha com o futebol, aliás um belo empernanço. Temos hipótese de bestseller»”
1 comentário:
NESTA SOCIEDADE DITA GLOBAL
O MERCADO PARECE NÃO TER FRONTEIRAS - NEM VALORES
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