Calma, calma, não se precipitem, não vou tentar a veia erótica! Marmelada mas daquela que é feita com marmelos, açúcar, pauzinho de canela, etc., etc., etc.
Ao início da tarde lá vai a sôdonagata para a cozinha e desencanta de diversos armários toda a parafernália necessária para tão “interessante” ritual anual: a panela “king sise” usada apenas em situações muito especiais, as colheres de pau enormes, as taças da marmelada, o papel vegetal, a água-ardente, o açucar, a balança, o passevite, os marmelos, claro, e a paciência, sobretudo a paciência...
Enfim, cheia de coragem lá dou início à tarefa da única maneira que sei fazer, à boa, velha maneira portuguesa. É a única forma da qual tenho imagens, referências, e, além disso, a única que a minha mãe aprovará. Descasco e descaroço penosamente os marmelos, enquanto, cá para mim, vou insultando até à quinta geração a pessoa que inventou tal cozinhado.
Quando, após cozidos e escorridos, os trituro no passevite (assim é que deve ser), vou alargando o número de gerações insultadas à medida que vou reforçando os já inicialmente fortes epítetos. Penso em desistir e largar toda aquela pasta estranha e pegajosa num ecológico saquinho de lixo, colocá-lo no contentor e sentar-me a ler calmamente o livro que de momento me está a entusiasmar bastante, “A sétima porta” mas não posso fazê-lo, não saberia encarar tremendo falhanço perante a minha mãe; disse-lhe que este ano seria eu a fazer a marmelada e fá-la-ei!
Coloco o açucar com um pouco de água a ferver até ganhar ponto de rebuçado (sabem o que é?) e, quando tal acontece, junto-lhe o polme (até já sei os nomes técnicos) do marmelo e bato fortemente, com uma colher de pau até me doerem estupidamente os braços e as costas. As dores foram um bonus adicional pois o objectivo era tão só criar uma pasta o mais homogénea possível: a marmelada.
Concluída a execução e estive nisto a tarde inteirinha, passei à fase de a acondicionar. Fase mais simples mas também bem chatinha sobretudo para quem já tem a paciência bem posta à prova.
Penso que por esta altura já devem ter entendido que não sou propriamente uma apaixonada pela culinária, mas há alturas em que o nosso ego nos leva a fazer coisas verdadeiramente idiotas a troco de provarmos não sei muito bem o quê nem a quem.
Enfim, lá coloco a marmelada nas tacinhas e cubro-as com círculos de papel vegetal pincelado com água-ardente (não me perguntem porquê).
Coloco os tabuleiros com as taças na mesa da sala, devidamente cobertos com panos de cozinha, numa zona solheira para ir secando.
Nesta fase, está a ser preciosa a ajuda da Luna, da Utopia, da Tracy e do Envy os gatos que estão sempre comigo em casa e que de vez em quando, se me distraio, lá tentam colocar uma pata sobre o pano para irem verificando a consistência do doce.
Coitadinhas, querem ajudar!
Finalmente, tudo isto para nada, puro masoquismo. Pois, como muito bem sabe quem me conhece, eu só de cheirar tão opíparo doce, adquiro logo uns quantos quilinhos que depois levam meses a perder à custa de muita bicicleta, muito tapete, muita máquina distensora, contractora, hidroginástica, natação, bodybalance, cardiolocal e sei lá que mais...
Ao início da tarde lá vai a sôdonagata para a cozinha e desencanta de diversos armários toda a parafernália necessária para tão “interessante” ritual anual: a panela “king sise” usada apenas em situações muito especiais, as colheres de pau enormes, as taças da marmelada, o papel vegetal, a água-ardente, o açucar, a balança, o passevite, os marmelos, claro, e a paciência, sobretudo a paciência...
Enfim, cheia de coragem lá dou início à tarefa da única maneira que sei fazer, à boa, velha maneira portuguesa. É a única forma da qual tenho imagens, referências, e, além disso, a única que a minha mãe aprovará. Descasco e descaroço penosamente os marmelos, enquanto, cá para mim, vou insultando até à quinta geração a pessoa que inventou tal cozinhado.
Quando, após cozidos e escorridos, os trituro no passevite (assim é que deve ser), vou alargando o número de gerações insultadas à medida que vou reforçando os já inicialmente fortes epítetos. Penso em desistir e largar toda aquela pasta estranha e pegajosa num ecológico saquinho de lixo, colocá-lo no contentor e sentar-me a ler calmamente o livro que de momento me está a entusiasmar bastante, “A sétima porta” mas não posso fazê-lo, não saberia encarar tremendo falhanço perante a minha mãe; disse-lhe que este ano seria eu a fazer a marmelada e fá-la-ei!
Coloco o açucar com um pouco de água a ferver até ganhar ponto de rebuçado (sabem o que é?) e, quando tal acontece, junto-lhe o polme (até já sei os nomes técnicos) do marmelo e bato fortemente, com uma colher de pau até me doerem estupidamente os braços e as costas. As dores foram um bonus adicional pois o objectivo era tão só criar uma pasta o mais homogénea possível: a marmelada.
Concluída a execução e estive nisto a tarde inteirinha, passei à fase de a acondicionar. Fase mais simples mas também bem chatinha sobretudo para quem já tem a paciência bem posta à prova.
Penso que por esta altura já devem ter entendido que não sou propriamente uma apaixonada pela culinária, mas há alturas em que o nosso ego nos leva a fazer coisas verdadeiramente idiotas a troco de provarmos não sei muito bem o quê nem a quem.
Enfim, lá coloco a marmelada nas tacinhas e cubro-as com círculos de papel vegetal pincelado com água-ardente (não me perguntem porquê).
Coloco os tabuleiros com as taças na mesa da sala, devidamente cobertos com panos de cozinha, numa zona solheira para ir secando.
Nesta fase, está a ser preciosa a ajuda da Luna, da Utopia, da Tracy e do Envy os gatos que estão sempre comigo em casa e que de vez em quando, se me distraio, lá tentam colocar uma pata sobre o pano para irem verificando a consistência do doce.
Coitadinhas, querem ajudar!
Finalmente, tudo isto para nada, puro masoquismo. Pois, como muito bem sabe quem me conhece, eu só de cheirar tão opíparo doce, adquiro logo uns quantos quilinhos que depois levam meses a perder à custa de muita bicicleta, muito tapete, muita máquina distensora, contractora, hidroginástica, natação, bodybalance, cardiolocal e sei lá que mais...
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3 comentários:
Este ano estou MUITÍSSIMO atrasada nstas lides. Mas ainda bem, pode ser que passe a época... De qualquer forma, eu aligeiro um pouco mais a coisa: em vez de passevite uso a varinha mágica; em vez de misturar o açúcar em ponto com o polme, misturo o polme com açúcar e deixo ficar ao lume Imenso tempo). Quanto ao descascar e descaroçar os marmelos, não há aligeiramento que resulte. Aquilo é duro como um c...!!!
A razão pela qual não aligeirei nada a coisa prende-se com o facto de eu gostar da marmelada branca e não avermelhada; manias! Então decidi fazê-la como sempre a vi fazer quer em Vila Pouca, na casa de origem do meu pai, pela Otília, a empregada, quer em Chaves pela avó e pela mamã. Só não usei tachos de cobre. Contudo, surpresa das surpresas, a marmelada ficou de um encarnado vivo, a puxar mesmo para o encarniçado. Desastres de uma cozinheira contrariada. Pelo menos o sabor,dizem, é bom.
Na minha opinião o segredo maior da marmelada
está na qualidade dos marmelos
e da cozinheira.
Sugiro em alternativa
aos quartos
sempre para apreciadores
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