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quinta-feira, 14 de maio de 2009

Sonhei ir...


Não tinha ido ainda, este ano,

ao meu bar, ao bar da praia.

Escolhi ir lá hoje, tal era o desejo.

Mas o tempo montou-me uma cilada.

O sol cobriu-se de nuvens.

Não daquelas grossas, espessas

que trazem no ventre fortes aguaceiros.

Também não daquelas bonitas

a imitar flocos de algodão doce

que brincam connosco às charadas

tentando que adivinhemos

as imagens que elas desenham.

E como se divertem e fogem…

E como me divirto e fico…

Não, as nuvens hoje eram daquelas, altas e cinzentas,

que apenas tapam ligeiramente o sol,

apenas o suficiente

para o não deixar acalentar-nos as almas.

Ciumentas.

Sabiam que eu ia ao meu bar

cumprimentar o Sol, a areia,

as rochas escuras, as gaivotas e, o Mar.

Sempre o Mar.

O Mar de sempre.

E, invejosas, toldaram o dia.

O sol não brilhou,

a areia não refulgiu,

o Mar manteve-se austero e escuro

fustigando as negras rochas,

espumando sobre elas a sua raiva.

As gaivotas montavam guarda

em grandes bandos orientadas pelos ventos…

E eu,

eu não tive coragem de me desencantar.

Eu, não fui…

Donagata em 2009-05-14

6 comentários:

pin gente disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
pin gente disse...

tu não me digas que o meu mar... é o teu mar?!
que os meus olhos se perdem nas mesmas ondas que os teus.
que o meu suspirar é o teu também!
não tinhas ainda ido, este ano, ao teu mar...
quando quiseres pede-me que to traga
quando quiseres conto-me aquilo que me disse
quando quiseres dar-lhe-ei os teus recados
enviarei tuas saudades
sempre... e quando tu quiseres!

este teu mar viu-me crescer. conhece muitos dos meus sorrisos, alguns dos meus beijos, parte das minhas lágrimas.
este mar escutou os meus lamentos e brindou-me com o seu azul. iluminou-me os negros dias. acarinhou-me no seu colo.
este mar falou-me ao ouvido.
e o que este mar ouviu de mim, nunca o disse a ninguém!

um beijo, donagata
luísa
(até domingo?!)

Donagata disse...

Então temos um mar que é nosso...
Um mar que amamos e que nos ama. Que nos confidencia os seus amores pelas límpidas areias que acaricia e a quem nós confiamos as nossas dores, as nossas alegrias, os nossos medos,as nossas esperanças e onde ainda espraiamos o olhar e nos deixamos perder nos seus encantos infindáveis.

Um grande beijo, salgado, como o mar, ou a lágrima...

Anónimo disse...

... eu também queria um dia destes para ir corrigir os meus 107 testes sob o quentinho reconfortante de um sol discreto. Eu também queria...

Donagata disse...

E pode. Até pode dá-los ao mar para corrigir!

Anónimo disse...

Bem que o mar me daria esse jeitinho...