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quinta-feira, 21 de maio de 2009

O Pardal

Imagem da net, autor não identificado

Estou daqui a observar

aquele pequeno pardal

que ensaia o seu voar

do alto do meu beiral.


Olha p'ra baixo a avezita.

Vejo-a ansiosa, a piar.

Escorrega-lhe a patita…

Eis que se perde no ar.


Vem a pique estonteada

até que agita as asitas.

Movimenta-as, desajeitada,

e vem pousar, nas ervitas.


Mas eis que o siamês, o gato,

que aguardava paciente

por entre as folhas do cacto

ali, bem na minha frente;


e que só por distracção

eu ainda não avistara

tal era a minha atenção

perante cena tão rara,


dá um salto repentino

tentando a ave apanhar.

É aí que eu me obstino,

e lá vai o livro pelo ar.


O gato foge numa pressa,

com medo de tão grande míssil.

Mas para o cacto regressa

com um ondular leve e grácil.


Lá vou o livro apanhar

e procurar o pardalinho.

Está encolhido, sem piar,

quer sua mãe e seu ninho.


Pego nele com cautela

não o quero assustado.

E vou levá-lo à janela,

aquela que fica mais perto

do seu ninho no beirado.


Donagata (Um pouco ao estilo dos "parnasianos", mais propriamente do "neoromantismonacionalista". Ou , se calhar, não!)

11 comentários:

wallper.lima disse...

Adorei tanto a poesia que é uma delicadeza só, e a imagem.
Bjocas.
Wal.

Donagata disse...

Obrigada. Foi autêntico, aqui, no meu jardim.

Beijos.

Anónimo disse...

Esta vou mostrar à XX!

Donagata disse...

E ela está a gostar?

Anónimo disse...

Só posso mostrar logo!

pipocajoaquina disse...

Está muito giro!
Foi um dos melhores poemas que li até agora.
Um beijinho!

jrd disse...

O gato fugiu; ficaram o livro, o pardalito e a ternura.
Gostei francamente.

Donagata disse...

Pipocajoaquina, estou muito feliz por teres gostado. A tua opinião de menina é muito importante para mim...

Um beijo grande e gostei muito que me viesses fazer uma visita.

Donagata disse...

Obrigada jrd. Ainda bem que gostou. para mim foi um agrado escrevê-lo.

ruth ministro disse...

Tão docinho :) Adorei.

Beijinhos

Donagata disse...

Obrigada. Ele era mesmo docinho.