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quarta-feira, 29 de julho de 2009

“leite derramado” de Chico Buarque


Fiquei com imensa curiosidade acerca deste livro o qual comprei logo que tive oportunidade. E como acontece muitas vezes, lá o meti na frente de todos os outros que aguardam pacientemente a sua vez. E são muitos, reparo agora… O tempo é tão pouco!

Bem, vamos ao livro. Acabei de o ler.

Foi, para mim, uma agradável surpresa.

Pesem embora as belíssimas letras (poemas) que tem composto ao longo da sua vida, tenho (e penso que terei sempre) a ideia de um Chico Buarque músico, compositor de excelência, cantor, mas escritor, não.

Contudo, os dois livros que li dele, podem perfeitamente facultar-lhe esse epíteto.

O que li foi um texto muito bem construído quer ao nível exegético quer de estilo.

Todo o livro se desenvolve através de uma longa narrativa feita por um ancião para…

Aí, ele conta todo o percurso da sua vida (extremamente longa, tem mais de cem anos) sempre centrado no amor que sente ainda pela mulher. As personagens que se vão desenhando ao logo da extensa história do ancião são de uma precisão extrema na sua construção quer ao nível plástico quer ao nível psicológico ajudando assim a criar, por vezes, um clima de dramatismo em situações de aparência burlesca ou indefinida. Nestes casos penso que podemos encontrar bem patente a ironia própria de Chico Buarque.

Também muito interessante é verificar quão bem reproduz a desarticulação das ideias do ancião, conseguindo contudo uma narrativa perfeitamente articulada que, por isso mesmo, vai prendendo irremediavelmente o leitor. Expondo um enredo ora com factos verídicos, ora omissos e intuídos nas entrelinhas; ora irónico, ora dramático, consegue, além de um excelente romance, ilustrar ainda costumes de época sem que aparente prender-se com tais temas que seriam sempre transversais, quiçá supérfluos.

Sem dúvida a ler. Ainda por cima é pequenino, pesa pouco para levar para a praia.

9 comentários:

ruth ministro disse...

Fiquei com vontade!

Beijinhos com saudadinhas :)

Donagata disse...

É giro. E nada complicado.

pin gente disse...

já tinha ouvido falar.
tenho que confessar que não li, até ao fim, o que escreveste.
não quero ficar a saber...
sei que gostaste, para mim basta!
(penso que entendes o que quero dizer)
um beijo
luísa

nota - ahahah que palavra me calha mim (pindrain)

Donagata disse...

Não ficarias a saber nada. Tenho sempre o cuidado de, nos meus comentários, não revelar nunca enredos...
Faço comentários, não faço resumos.

Mas vale a pena ler. Na minha opinião, claro.

beijos.

Anónimo disse...

É que não quem lhe aguente o ritmo! estou a ler Sapatos de Rebuçado, com muita sofreguidão, mas os seus relatos deixam-me sempre com o olho arregalado.

Donagata disse...

E este é rapidinho. Ainda não li "Sapatos de rebuçado" mas, pelo que entendo, vou já procurar. Diga-me de quem é.

Jokas.

Anónimo disse...

Joanne Harris. Mas busque apenas se gostou do "Chocolate". É uma espécie de continuação. Bji

Donagata disse...

E gostei do Chocolate... e do "Vinho Mágico", e do "Na corda Bamba" e do"Danças e contradanças" e creio que de mais algum de que não recordo agora o nome. Mas esse não conhecia!

Anónimo disse...

Também gostei de um outro que já não sei se é o Vinho Mágico ou Três quartos de laranja... Acho que tenho que começar a seguir o seu exemplo. Tenho que registar aquilo que leio, ou ainda faço comprar em duplicado. Faltam-me os outros.