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quarta-feira, 23 de julho de 2008

Eu fui à Academia das Ciências!

(Imagem: O belíssimo Salão Nobre da Academia das Ciências)


Pois bem, embora com alguma falta de tempo para escrever (devido à minha intensa vida social!!!), não posso deixar de partilhar convosco aquilo que foi, para mim, uma experiência deveras interessante.

Assisti, pela primeira vez, a uma sessão na Academia das Ciências de Lisboa. É verdade. Aí fui eu, trezentos e tal quilómetros para lá (e, claro, outros trezentos e tal para cá), para assistir à primeira intervenção do General Loureiro dos Santos como membro de tão vetusta Academia.

Pela primeira vez, após mais de trinta anos, está presente na Academia um militar. O General Loureiro dos Santos vem assim suprir uma lacuna e perpetuar uma tradição: a existência de académicos militares, substituindo o lugar deixado em aberto pelo também General Câmara Pina (1904-1980).

A intervenção intitulada “O coração da Eurásia contra o resto do mundo” insere-se num tema mais abrangente; A geopolítica e as relações internacionais.
Foi, na minha opinião de leiga, de grande interesse e exposta de forma muito clara, sendo a sua compreensão acessível a todos mesmo aqueles que, tal como eu, não são especialistas nestes assuntos mas apenas curiosos acerca deles.
Obviamente que não irei tecer comentários à apresentação. Apenas poderei dizer que gostei da forma lógica como foram sendo referidas as diversas teorias existentes acerca da localização dos centros estratégicos de poder (político, económico, militar), das suas evoluções, das suas consequências e das suas causas, até chegar a uma visão própria, muito clara e muito lógica, quanto a mim, dos novos equilíbrios das forças geoestratégicas tais como se apresentam ou tendem a apresentar na actualidade.

Esses centros, a que o General chama de “Ilhas de Poder Global” (“Ilhéus de Poder Global”, “Semi-ilhas de Poder Global” e “Quase-ilhas de poder Global” conforme tenham já uma grande expressão de poder regional com tendência a aumentar; possuam grande potencial para se tornarem Ilhas de poder mas também grandes vulnerabilidades que o inviabilizam; contenham atributos de irradiação de poder com expressão mundial e estejam a caminhar por uma estratégia política tal que as poderá levar de facto ao exercício de poder local), serão aqueles espaços geoestratégicos com características tais, em termos de atributos e condições de poder, que lhes permitem exercer globalmente a sua vontade tornando-se preponderantes.
Esses atributos e factores de poder repousarão não só na localização geográfica, na demografia, no poderio militar mas, sobretudo, na importância vital de que se revestem actualmente alguns recursos como os energéticos, os hídricos, os alimentares, as matérias-primas industriais, os quais influenciam também os sistemas financeiros mundiais (muitas vezes especulando em relação aos valores reais), criando fortes tensões entre países que possuem os recursos e aqueles que os não possuem.

Afinal, ao contrário do que havia dito de início, já me alarguei em explanações muito mais do que deveria, sujeitando-me, naturalmente, a alguma interpretação incorrecta em relação àquilo que foram os propósitos do General Loureiro dos Santos na sua intervenção.
Desde já aqui ficam as minhas desculpas mas, como o povo diz e bem, “a conversa é como as cerejas” e eu, para mal dos meus pecados, sou uma muito frondosa e produtiva cerejeira (de palavras).

3 comentários:

Anónimo disse...

Ando a ler um livro que resume isto tudo ao seguinte: quando o petróleo árabe acabar, o que está para breve, nos damos um grande estouro e a nossa espécie acaba-se de vez. E lá se vão as ilhas...

Donagata disse...

Não sei Susana. Em relação a isso há mais do que uma teoria. Efectivamente as reservas fósseis não são intermináveis, mas há sempre a possibilidade de a espécie humana se empenhar realmente no desenvolvimento de outro tipo de energias. Renováveis, por exemplo; até nuclear, agora que descobriram uma forma de a produzir sem a contrapartida de resíduos perigosos. Contudo, pelo que me apercebo, não é tão linear assim que, mesmo nos países árabes, as reservas de petróleo se esrejam a esgotar (e, aparentemente, haverá outras). Há muita especulação em torno dos recursos energéticos (e alimentares) sobretudo por razões financeiras.

Bom, já me conhece. Sou do tipo crente.

Anónimo disse...

Eu acredito em si, ai é que acredito mesmo!