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domingo, 24 de fevereiro de 2008

Ainda sobre o poste anterior

Ao ler os comentários que me fizeram ao poste anterior, os quais aproveito para agradecer, houve um que teve o condão de me deixar a pensar. Dizia apenas: “E arejaste bem as ideias”.
E não é, Sofia, que tens razão, que definitivamente cheguei a casa com as ideias bem arejadas!
Para longe os barzinhos junto à praia onde em belíssimas tardes soalheiras sabe bem pousar.

Para longe os horizontes sem fim, de mares revoltos ou calmos, que eu adoro, mas sempre misteriosos e insondáveis.

Para longe o rumorejar das ondas, os agudos vagidos das gaivotas, o negro das rochas onde as ondas se desfazem em espuma.

Para longe também horizontes verdes, de vegetação variada onde as copas das árvores me protegem e me aconchegam.

Para longe o canto do melro atrevido, aquele que gosta de debicar o açúcar que não ponho no café.

São tudo coisas que amo profundamente e entendia serem extraordinariamente relaxantes e inspiradoras. Tudo isto, julgava eu, era a mezinha milagrosa que, quando necessário, me provocava um verdadeiro vendaval nas ideias.

Afinal, como estava equivocada! Quão vãos e infrutíferos se terão revelado os dias gastos junto ao mar ou em um qualquer parque de ambiente mais bucólico! Quão nostálgicos! Que desperdício de tempo!

Agora sim, tudo faz sentido. Finalmente descobri que não há nada melhor do que um café limpinho nas imediações de uma estação de caminhos-de-ferro ou até talvez, quem sabe, de um porto marítimo ou fluvial que seja para, aí sim, arejar as ideias e criar em mim disposições que não levava.
(Imagem da net)

4 comentários:

onun disse...

Boa noite Donagata,
No teu post anterior falas de uma "aventura" urbana se assim lhe podemos chamar, muitas vezes achamos que uma escapadela tem ou deve de ser feita de uma forma isolada, sozinhos na praia ou no campo, etc..
Este teu belo relato prova que nem sempre é assim, muitas vezes a única coisa que precisamos é de sair da rotina, podemos ler o mesmo livro mas num ambiente diferente, alias, esse mesmo livro toma caminhos diferentes uma vez que somos contagiados na elaboração mental da historia pelo ambiente que nos rodeia.

P.s Parabéns pelo blog, vou voltar , se me permites.

Donagata disse...

Obrigada pelo comentário com o qual concordo inteiramente e que, ainda por cima foi muito agradável.
Quanto ao facto de quereres voltar só me pode deixar feliz. É sinal que alguma coisa te agradou. Por isso, volta sempre.

Mar Arável disse...

Agora mesmo vou fazer um café

convocar os meus serra da estrela

imaginar os seus gatos

e voar consigo

no seu texto

Donagata disse...

Que seja um voo agradável, mar arável. Palpita-me que os seus serras da estrela se iriam entender com os meus gatos. Têm hábitos semelhantes...