Ontem, a convite de alguém que considero já como família, visitei Aguada de Cima, terra que conhecia apenas de nome, para assistir ao último dia dos festejos da sua romaria anual a “Festa das Almas Santas da Areosa”.
A festa inicia-se sempre no Domingo de Pascoela dia em que as imagens que se encontram na Igreja se deslocam em lenta e, julgo que penosa, procissão até à Capela das Almas onde se mantêm durante uma semana. Esta procissão (a que não assisti), além dos andores com os Santos, conta ainda com anjinhos, elementos da Confraria e respectiva banda de música. Diz quem assistiu que o início já estava a chegar à Capela quando saíram da Igreja os últimos participantes. E, digo-vos eu, que vi, que o percurso é muito extenso e íngreme.
Não sendo uma pessoa de crenças religiosas, absorvi contudo, muito atentamente, tudo quanto consegui numa perspectiva mais sociológica e até histórica, talvez; a da preservação das tradições e do património cultural.
Assim, enquanto a missa se desenrolava ao ar livre, visitei a Capela das Almas e aspirei profundamente o forte odor que emanava do alecrim e da alfazema que cobriam inteiramente o seu chão. Tradição curiosíssima assim como o arco elaboradíssimo, construído e enfeitado com plantas e flores que bordejava a entrada. Observei-a em termos arquitectónicos tendo verificado que se trata de um modelo de corpo octogonal, seguido de uma capela-mor rectangular. Os retábulos, três, são muito bonitos e todos do século XVIII. O maior alberga a imagem do Arcanjo S. Miguel. Curiosa a cantaria, habitualmente em pedra, aqui em grés de tom branco, ou não nos encontrássemos nós numa zona de grés por excelência.
A Igreja não tive oportunidade de visitar, porém, despertou-me especial atenção uma das suas imagens que seguia na procissão “O Senhor Crucificado”, de rara beleza e, segundo apurei, toda ela de madeira. Não sendo, de acordo com a informação que obtive, das mais valiosas, pareceu-me muito bonita e pouco comum.
Enquanto por ali andava fui sabendo que ainda aparecem, embora cada vez em menor número, lavradores que vêm cumprir as suas promessas, geralmente relativas às colheitas, dando voltas à capela com os seus carros de bois enfeitados.
Fui-me também informando acerca da história e das lendas de Aguada de Cima que achei interessantíssimas.
Mas, como a prosa já vai longa, para não me tornar excessivamente maçadora, apenas deixo como curiosidade um cheirinho ….a leitão! Pois é, é que o famoso leitão da Bairrada, iguaria gastronómica tão apreciada por alguns, não nasceu na Bairrada, nasceu mesmo aqui. Mas em relação a isso, se calhar, falarei amanhã.
1 comentário:
A paz e o cheirinho a leitão
vergaram-me
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