Afinal, poder-se-á perguntar, para que fui eu ler um livro que, dadas as minhas já expostas condicionantes, só poderá ser para mim uma enorme maçada?
Pois bem, não gostar não significa necessariamente não acompanhar minimamente os acontecimentos. E esse acompanhamento, embora pouco rigoroso, já me havia levado a entender que esta guerra (do Iraque) não me parecia uma guerra convencional, pelo menos como aquelas que me fui habituando a analisar ao estudar a história mundial. Desde muito cedo que se começou a desenvolver no meu entendimento a ideia (maluca, julgava eu) que os supostos vencedores estavam cada vez mais vencidos. Nada disso me arreliaria muito, tendo em conta que não sou especial fã dos americanos e da sua síndrome de “donos do mundo”e, muito especialmente de Bush que considero absolutamente incompetente. Contudo, algo me dizia que essa derrota poderia, de algum modo, constituir um risco para a ordem mundial.
Ora a oportunidade de poder ler, de uma assentada, um conjunto de crónicas (63) contendo, não só a análise retrospectiva, estratégica, dos acontecimentos feita por um reputadíssimo especialista como ainda, e mais interessante até, as suas previsões, na grande maioria das vezes, tão próximas do que realmente aconteceu (para esta análise tive que ir pesquisar e devo dizer que me deu muito trabalho pois já se trata de um período extenso de tempo), pareceu-me imperdível.
E valeu a pena apesar do já referido trabalho que me deu. Considero que se trata de um documento histórico de grande relevância que contribuiu muito para um melhor entendimento não só do que se passou nestes seis anos de guerra como, sobretudo, das razões e das forças, muitas vezes um pouco ocultas (para mim) que determinam algumas operações. Interessante foi também aperceber-me que aquilo que havia já intuído, afinal, corresponde, pelo menos em parte, à realidade… O que me deixa um pouco assustada, devo dizer.
Como já referi, fiquei impressionada com a capacidade revelada pelo General Loureiro dos Santos em antecipar a maioria das operações de uma forma tão próxima da que realmente se passou. Outras houve (não muitas que eu tenha detectado) em que a proximidade não foi tão grande mas, parafraseando Mário Carvalho “Os profetas mais competentes são os pósteros. Só falham em pormenores e em sinceridade. De resto, a previsão ajeita-se aos factos”…E este profeta, é tudo menos póstero.
Resta-me pedir desculpa, a quem de direito, pelo atrevimento deste comentário que poderia não ter feito. Contudo, é um hábito meu, já conhecido, vir aqui desabafar acerca dos livros que vou lendo (pelo menos de alguns). Perdoem-me, mas gosto de aqui deixar as impressões que me suscitam, as quais, cheias de erros ou muito acertadas são, sem qualquer outra intenção, apenas isso mesmo: as minhas impressões.
2 comentários:
Sinto-me muito elogiado com o teu comentário. Julgo que interpretaste bem o que pretendi fazer com esta publicação. Proporcionar uma reflexão sobre o modo como um observador acompanhou, dia a dia, aquele que será considerado no futuro como um dos acontecimentos mais importantes dos princípios do século XXI. Então, ver-se-á com maior nitidez a enorme dimensão das repercussões por ele provocadas na relação de forças no mundo e, portanto, na vida de todos nós.
Muito obrigado.
LS
Nem imagina o peso que me tirou das costas. O meu problema em comentar tinha apenas a ver com o seu juízo acerca do comentário pois, dada a minha ignorância sobre estes assuntos, podia ter interpretado tudo de uma forma incorrecta.
Não pretendi ser elogiosa, fui apenas sincera naquilo que disse mas fico feliz por ter-se sentido elogiado pois eu sinto-me tremendamente orgulhosa. Só tenho pena que os genes sejam tão desigualmente distribuídos. Emigraram quase todos para a capital.
Um beijo
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