Acabei hoje de ler “Crónica do Pássaro de Corda” de Haruki Murakami e, mais uma vez me rendi, completamente seduzida, a este incrível romance.
Como já nos habituou, em romances anteriores Haruki Murakami pega numa personagem principal, no caso Toru Okada e, sob o calmo desenrolar de um quotidiano de aparência absolutamente trivial, leva-nos ao longo de 632 páginas, a percorrer um mundo de acontecimentos em que o real e o imaginário se confundem e interligam num nunca acabar de situações inesperadas, absolutamente mágicas. Essa ligação é de tal modo prodigiosa que se torna difícil destrinçar onde acaba a realidade e começa o sonho, o mito.
Toru Okada é o elemento central, aquele que se vai tentando descobrir à medida que enfrenta um intrincado de situações reais e/ou imaginárias. Todavia, encontra-se rodeado de um conjunto de outras personagens tão enigmáticas, tão fantásticas e, contudo, tão banais quanto ele. De grande consistência, não se destinam apenas a dar-lhe “suporte”, existem por si próprias.
O romance toca vários “tempos”, vários locais e várias situações. Apresenta porém um fio condutor: em todas as épocas, em todos os sonhos em todas as camadas da realidade, um “pássaro” que não se vê, apenas se ouve cantar, continua infatigavelmente a dar corda ao mundo.
Não posso deixar de referir as absolutamente incríveis descrições de atrocidades cometidas no fragor da guerra (II guerra mundial). Impressionaram-me sobretudo duas delas: a do massacre dos animais do Zoo na cidade de Hsin-Ching, na Manchúria, e a do dia seguinte no mesmo local. Episódios escritos com extraordinária mestria, transportam-nos ao local provocando-nos sentimentos muito reais, muito vívidos, de asco, de revolta, de horror..
Também como é já hábito, Murakami recorre profusamente à metáfora tornando a sua escrita muito mais subtil. Quanto a mim, talvez seja a do “poço” a mais significativa neste livro.
Não me vou alongar mais neste comentário, embora a vontade seja muita, ou corro o risco de desvendar mais do que o desejável (se não o fiz já).
Recomendo.
Como já nos habituou, em romances anteriores Haruki Murakami pega numa personagem principal, no caso Toru Okada e, sob o calmo desenrolar de um quotidiano de aparência absolutamente trivial, leva-nos ao longo de 632 páginas, a percorrer um mundo de acontecimentos em que o real e o imaginário se confundem e interligam num nunca acabar de situações inesperadas, absolutamente mágicas. Essa ligação é de tal modo prodigiosa que se torna difícil destrinçar onde acaba a realidade e começa o sonho, o mito.
Toru Okada é o elemento central, aquele que se vai tentando descobrir à medida que enfrenta um intrincado de situações reais e/ou imaginárias. Todavia, encontra-se rodeado de um conjunto de outras personagens tão enigmáticas, tão fantásticas e, contudo, tão banais quanto ele. De grande consistência, não se destinam apenas a dar-lhe “suporte”, existem por si próprias.
O romance toca vários “tempos”, vários locais e várias situações. Apresenta porém um fio condutor: em todas as épocas, em todos os sonhos em todas as camadas da realidade, um “pássaro” que não se vê, apenas se ouve cantar, continua infatigavelmente a dar corda ao mundo.
Não posso deixar de referir as absolutamente incríveis descrições de atrocidades cometidas no fragor da guerra (II guerra mundial). Impressionaram-me sobretudo duas delas: a do massacre dos animais do Zoo na cidade de Hsin-Ching, na Manchúria, e a do dia seguinte no mesmo local. Episódios escritos com extraordinária mestria, transportam-nos ao local provocando-nos sentimentos muito reais, muito vívidos, de asco, de revolta, de horror..
Também como é já hábito, Murakami recorre profusamente à metáfora tornando a sua escrita muito mais subtil. Quanto a mim, talvez seja a do “poço” a mais significativa neste livro.
Não me vou alongar mais neste comentário, embora a vontade seja muita, ou corro o risco de desvendar mais do que o desejável (se não o fiz já).
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