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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Mistérios que me apoquentam


Absorta no meu pesar, no desconforto do frio que me arrepia sem que me aperceba, saio para me ocultar enquanto ouço a litania monocórdica do terço que é rezado, a duas vozes, enquanto lhe velam o corpo.

Mantra que não entendo e para o qual não descortino sentido.

O corpo, esse aglomerado de células especializadas em algo que já não executam e que se irão degradar rapidamente por mais linda, bondosa, generosa… que tenha sido. São as leis da química, da vida, da morte…

Impressiona-me a rapidez com que despimos o nosso pendor humano e passamos a ser matéria inerte. Não inerte. Não. Engano-me. Matéria em activa decomposição.

Onde estão aqueles belíssimos olhos azuis que ainda ontem sorriam quando lhe coloquei um lenço a cobrir o cabelo que já falhava?

Onde estão esses mesmos olhos que depois riram, francamente com vontade quando, ainda com o lenço, exemplifiquei com gestos e sons absurdamente exagerados outras utilizações como a dança do ventre, a dança do véu (seja lá isso o que for).

Onde estarão?

Onde estará?

Esteja onde estiver, ou mesmo não estando, de uma coisa tenho a certeza: algo de si permanecerá sempre em mim pois nunca serei capaz de a esquecer…

2010-01-01

10 comentários:

Sofia Loureiro dos Santos disse...

Grande beijo.

José Alexandre Ramos disse...

Assim é... e como é tão difícil aceitarmos isto, caramba.

Beijo.

Vinte e Quatro disse...

Querida Donagata, são estes momentos que nos marcam para toda a vida. No entanto, também são os mesmos que nos tornam mais fortes. Isto porque, como verá, também isto passará!

Beijinho Grande

vinteEquatro

A.Teixeira disse...

Os meus pêsames.

BCas disse...

Olá Donagata.
Somos frágeis e somos efêmeros. Não é fácil aceitar tamanha vulnerabilidade.
crença no maior , no infinito que mal compreendemos já me serviu de consolo. Beijo. Elisabeth

Cristina Loureiro dos Santos disse...

Só agora percebi :(
Sei o que estás a passar. Aconteceu o mesmo comigo há dois meses e o vazio é imenso :(

Neste momento as palavras são muito pobres para o que sentimos.

Ficam as nossas emoções, um abraço carinhoso para todos e um beijo especial para ti.

lucinda disse...

Beijos de amiga com carinho.
Lu.

Anónimo disse...

Hoje gostaria de vos ter dado um beijinho mais especial. Que aí chegue em telepatia.

Donagata disse...

Beijos para todos quantos tiveram o carinho de aqui vir.

Chatwinesque disse...

A morte é sempre impressionante, mesmo quando esperada, sobretudo quando atinge os nossos próximos... Por muito natural e esperada que seja, custa sempre.