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Este foi-me sugerido
pela minha filha. É dela e tinha-o acabado de ler.
É Abril de 1961 e
tudo se passa numa velha cidade outrora importante devido ao cultivo do café.
Tudo começa com um menino comprido, magro e claro e um menino
moreno, ambos de doze anos que escapam de um castigo da escola e aproveitam
para ir nadar num lago que era o seu paraíso escondido.
Nesse dia farão uma descoberta macabra que terá como
consequência o fim abrupto da sua infância.
Descobrem o cadáver de uma linda mulher, jovem, barbaramente
assassinada e mutilada.
Insatisfeitos com as explicações ilógicas das autoridades
quanto ao confesso assassino bem como com o desinteresse das mesmas em clarificar
o assunto, lançam-se, eles próprios, em investigações furtivas com vista a darem
soluções cabais ao imenso monte de questões a que não conseguiam responder.
A este duo vem a juntar-se um velho residente no asilo que
tinha por hábito saltar o muro e deambular, de noite, pela cidade. É um
ex-preso político da ditadura de Getúlio Vargas.
Reúnem esforços e valências e, de descoberta em descoberta,
vão-se embrenhando num vórtice de mistérios em que nada nem ninguém é
exactamente o que parece ser.
São confrontados com a força do poder e com a hipocrisia da
sociedade local que encobre e branqueia os crimes mais hediondos envolvendo
violência sexual, violação, corrupção e racismo, entre outros.
É o fim da sua infância. É o desenvolvimento emocional
acelerado destas duas crianças que nunca mais o serão. É uma forma difícil e abrupta de entrarem na
vida adulta. Será inconsequente?
Gostei também muito da escrita do autor. Com o pretexto de
um policial, desenvolve uma diegese coerente que vai muito além disso. É um
retrato de época, uma época conturbada da história recente do Brasil em que a
prepotência e o caciquismo locais eram uma constante. O velho poderio dos
coronéis. A narrativa é agradável e surpreendente. Gostei particularmente dos
diálogos vivíssimos com que o autor salpica o texto tornando-o ainda mais
interessante.
Um primeiro romance que deixa muitas expectativas.
1 comentário:
Grato pela partilha
A ver vamos
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