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sábado, 12 de junho de 2010

Términos


Términos de auto-estrada.

Em frente, espraia-se uma fita cinzenta, desbotada
em que o asfalto, gasto, se abre em feridas pungentes.
E torce-se, e vira-se e arrasta-se num subir sem fim
para depois, pela encosta, tombar desanimada.
Fugazes memórias se acendem em mim.
Cheiros subtis, cores feéricas, sons dolentes
acordam sensibilidades esquecidas, atiçam a chama apagada.

Términos da estrada amarga.

Espera-nos uma sala oprimente,
triste, embora repleta de gente.
Um odor forte que se escapa dos corpos,
dos xailes negros, dos cabelos molhados.
Um lamento contínuo que se ouve e se sente.
E, no meio, rodeado de flores de caules mortos,
um corpo repousa num esquife.

Términos da vida.

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