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sexta-feira, 16 de julho de 2010

Jubilada!!!!!


(Imagem daqui)


Acordei hoje com a necessidade premente de pensar!!!! É verdade.
E sim, dói.
Comecei por reagir à dita compulsão mas, a verdade, é que não tive outra alternativa senão fazer a vontade ao quinto andar ou não teria mais sossego.

E eis-me, então, a reflectir!

Sobre o quê?!

Pois, esse é o segundo passo. Sobre o quê…
Depois de aturado momento de introspecção ( e, sem querer, vejam só, já estava a pensar…) decidi-me por efabular sobre a minha condição de aposentada, jubilada, reformada (whatever) e as diversas situações associadas à condição referida.

A verdade é que isto de uma mulher (quanto ao sexo oposto, não sei, falta-me o “saber de experiência feito”) ser aposentada tem muito que se lhe diga. É uma condição algo ingrata pela enorme trabalheira que dá.

É verdade que já não exercemos a actividade profissional que nos absorveu uma boa parte da vida (nunca menos de 35 anos). Levou-nos tempo, pensamentos, energia. Trouxe-nos preocupações, tristezas, alegrias, sucessos, fracassos…

É verdade também que podemos organizar os nossos horários da forma que melhor nos convém não estando amarradas a relógios de ponto, livros trancados e outras coisas simpáticas que nos podem acontecer quando obrigadas a um horário que não se compadece com atrasos de transportes, furos de pneus, febres de filhos, dores de barriga medonhas, enjoos matinais, preguicinhas inesperadas e inconvenientes, compras inadiáveis no supermercado porque a família exige refeições (o desplante!) e sei lá que mais.

Nada disso. Somos livres! Finalmente!

E é aí que então alguém (todos) pensa: - Ai são livres?! Oh p’ra elas ainda cheias de genica e sem nada para fazer!

Portanto há que lhes arranjar ocupação. Passar todo o tempo possível com os familiares idosos ou/e, nem que apenas hipoteticamente, doentes (que passa a ser uma obrigação e uma vergonha se incumprida), tratar com rigor de todos os assuntos domésticos dado que já não há justificação para esquecer nada, acompanhar, educar e obviar outras necessidades dos netos caso existam, ajudar os filhos em início de vida providenciando refeições, roupa passada e o que for necessário...

Parece-me bem referir aqui que a aposentação não inclui as actividades de dona de casa, mãe, esposa e outras afins. Essas, depois de adquiridas, acompanhar-nos-ão, tal como uma tatuagem, até ao leito de morte.

Ora bem, se a aposentada tiver ímpetos de escrita, de leitura, de dança, de se divertir até cair para o lado (tadinha! Já não sabe bem o que faz!), de ir beber uns copos com outras amigas aposentadas, está bem. Aceita-se (desde que cumpridas as tarefas atribuídas...). Afinal têm de fazer alguma coisinha ou não tarda nada é vê-la numa corrida ao Prozac…

Até inventaram umas instituições muito apelativas “Universidades Sénior”, locais onde aposentadas, juntamente com outras ainda mais aposentadas do que elas, podem concluir, complementar ou até iniciar estudos em diversas áreas (pintura, dança, teatro…) ou, somente divertir-se matando tempo antes que esse, o tempo, as mate a elas (sempre, nunca é demais referir, no intervalo das atribuições inerentes).

Há ainda aquelas que são excêntricas, desalinhadas e se colocam fora de todo esse circuito decidindo-se por actividades que sejam do seu agrado, com gente com quem lhes apraza estar, colaborando, (à maluca tantas vezes) com pessoas que trabalham e necessitam de apoio, procurando utilizar as suas ainda razoáveis competências de forma produtiva (não necessariamente remunerada), desenvolvendo outras que nem suspeitavam ter (ou suspeitavam mas faltava a coragem )…

Estas, de uma forma geral estão-se nas tintas para aquelas ocupações que outros acham tão importantes e lhes imputam.

Enfim, essas são as que gerem sozinhas (!!!!) a sua vida e, por vezes, tendem a dar um passo maior do que a perna e ficam atoladas de trabalho até ao pescoço.

Devo dizer que me insiro nesta estranha categoria. E, dou por mim com o tempo de tal modo ocupado que nem dá para acreditar.

Pois é. Lá se vão, por vezes, as obrigações domésticas que se colam a nós que nem carraças e todas as outras que já enunciei que nos vão acrescentando dada a nossa situação de aposentadas (afinal estamos ali sem nada fazer, é até uma obrinha de misericórdia dar-nos uma ocupação).

Pois meus amigos. Digo-vos eu que sei:
- Entre o que fazemos porque queremos e o que nos atribuem como função pelo facto de estarmos desobrigadas (?!),

não há nada mais cansativo do que ser jubilada….

2 comentários:

Alda M. Maia disse...

E essa escolha, onde se inspira, não poderia ser mais acertada. Caótica ou não caótica, metódica ou não, acredite que nunca decepciona.

Um beijinho
Alda

Donagata disse...

Obrigada Alda. Estou tão em falta consigo!!!!

Um beijo.