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terça-feira, 16 de agosto de 2011

“A Varanda do Frangipani” de Mia Couto

Um dos poucos livros que levei na minha curta viagem a Nova Iorque e um verdadeiro lenitivo para os momentos menos agradáveis que lá passei.

Pois bem. É um livro lindíssimo. E quando digo lindíssimo não exagero nem um pouco. A sua escrita é um verdadeiro poema pela sua beleza, pela sua singeleza, pela sua candura.

Com um toque de policial, com muito de despojo físico e moral de uma guerra terminada há tão pouco tempo, é uma história repleta de histórias magníficas extraordinariamente bem contadas.

Ermelindo Mucanga, falecido mas sem ter tido um enterro condigno, de acordo com os costumes do seu povo, para fugir à “maldição” de ser considerado herói, dispõe-se a reencarnar para voltar a morrer. A sua alma volta à vida no corpo de Izidine Naíta o inspector que vai à Fortaleza de S. Nicolau (actualmente um asilo) com o objectivo de desvendar o mistério da morte de Vasco Excelência director do referido asilo.

Aí, Izidine Naíta é confrontado com as narrativas mais incríveis dos velhos residentes. Narrativas fantásticas em que o folclore moçambicano, as diversas crenças, os mitos, revivem e adquirem corpo em cada página de uma forma muito vívida se bem que também muito natural.

Por norma gosto da escrita de Mia Couto. Mas este livro, confesso, arrebatou-me pela sua beleza e pela ternura com que se lê.

Aconselho vivamente

2 comentários:

Tiago M. Franco disse...

Confesso que durante a leitura do livro nunca consegui entrar na escrita de Mia Couto. O defeito, reconheço é meu, pois é um autor consagradíssimo. Talvez seja o facto de conhecer pouco a cultura Moçambicana, talvez seja a escrita do autor, não sei, a verdade é que não consegui tirar prazer na leitura deste livro.

Donagata disse...

Pois, já no meu caso, como leu, achei-o muito bom. Talvez o que mais me encantou. Não o melhor, mas aquele em que encontrei maior candura.
Eu gosto da escrita de Mia Couto o que, à partida, também já ajuda.
E, a verdade, é que não podemos gostar todos do mesmo, não é verdade??? Não penso que seja uma questão de defeito ou de qualidade. Cada pessoa tem um ou vários tipos de escrita com que melhor se identifica. Não me estou a referir a géneros. Esse é já outro caso.