
Reparei há pouco tempo que, embora conhecesse já a grande maioria da obra publicada por Lídia Jorge, da qual gosto bastante, não havia ainda lido o seu primeiro livro e aquele que, segundo o que me fui apercebendo, a trampolinou para o patamar dos grandes escritores da língua portuguesa.
Ora como ando em fase de ler as obras dos autores por ordem cronológica de publicação (vá-se lá saber porquê… a mania mais recente, talvez) pareceu-me esta falha um despautério tal que teria de ser imediatamente corrigida pelo que, também este, levei para ler em férias.
O livro é pequeno. A edição que li tem apenas 223 páginas que se descobrem de um sopro.
É lindíssimo e tornou-se para mim evidente a razão pela qual Lídia Jorge foi, de imediato, reconhecida como grande autora.
Os posteriores, bastante diferentes na sua forma, diga-se, vieram apenas confirmar o que este havia deixado bem patente.
A história, algo romanesca, passa-se num povoado algarvio de nome Vilamarinhos. Os seus habitantes, sobretudo velhos e mulheres, viviam enconchados em si próprios, nas suas crenças e no seu imaginário de mitos e fenómenos que eles próprios criavam a partir do acontecimento mais comezinho.
Duas mulheres, quanto a mim, protagonizam a parte mais curiosa da mensagem; a Carminho e a Branca.
De escrita muito incomum, utilizando termos e formas de oralidade local (é essencialmente dialogado) vai-nos, utilizando este povo como metáfora, descrevendo a gente portuguesa do antes do 25 de Abril que aguardava algo, um sinal, um fenómeno que a arrancasse do isolamento, do marasmo, do obscurantismo, da fantasia forçada, do embotamento que a afligia.
Tal como a morte da “cobra alada”, “o dragão”, o riso da mula ou a invasão de formigas, também a revolução foi o sinal de que algo ia mudar.
Mas, no meu ponto de vista, a mensagem que mais me tocou foi precisamente a que essas duas personagens femininas acabaram por me transmitir: o futuro de cada um está nas suas mãos e não à mercê de quaisquer sinais ou fenómenos mais ou menos incomuns que o destino nos coloque na frente.
Mais uma belíssima leitura.
Ora como ando em fase de ler as obras dos autores por ordem cronológica de publicação (vá-se lá saber porquê… a mania mais recente, talvez) pareceu-me esta falha um despautério tal que teria de ser imediatamente corrigida pelo que, também este, levei para ler em férias.
O livro é pequeno. A edição que li tem apenas 223 páginas que se descobrem de um sopro.
É lindíssimo e tornou-se para mim evidente a razão pela qual Lídia Jorge foi, de imediato, reconhecida como grande autora.
Os posteriores, bastante diferentes na sua forma, diga-se, vieram apenas confirmar o que este havia deixado bem patente.
A história, algo romanesca, passa-se num povoado algarvio de nome Vilamarinhos. Os seus habitantes, sobretudo velhos e mulheres, viviam enconchados em si próprios, nas suas crenças e no seu imaginário de mitos e fenómenos que eles próprios criavam a partir do acontecimento mais comezinho.
Duas mulheres, quanto a mim, protagonizam a parte mais curiosa da mensagem; a Carminho e a Branca.
De escrita muito incomum, utilizando termos e formas de oralidade local (é essencialmente dialogado) vai-nos, utilizando este povo como metáfora, descrevendo a gente portuguesa do antes do 25 de Abril que aguardava algo, um sinal, um fenómeno que a arrancasse do isolamento, do marasmo, do obscurantismo, da fantasia forçada, do embotamento que a afligia.
Tal como a morte da “cobra alada”, “o dragão”, o riso da mula ou a invasão de formigas, também a revolução foi o sinal de que algo ia mudar.
Mas, no meu ponto de vista, a mensagem que mais me tocou foi precisamente a que essas duas personagens femininas acabaram por me transmitir: o futuro de cada um está nas suas mãos e não à mercê de quaisquer sinais ou fenómenos mais ou menos incomuns que o destino nos coloque na frente.
Mais uma belíssima leitura.
Sem comentários:
Enviar um comentário