Páginas

sábado, 14 de agosto de 2010

Até um dia...


Foi-nos ainda concedida mais uma noite contigo. Embora o não quiséssemos admitir sabíamos que seria a última. Sabia-lo tu, estava bem patente no teu olhar e sabíamo-lo nós.

Fizemos uma cama no chão, ao lado da tua, para te acompanhar neste momento difícil. Passámos a noite ao teu lado. Mais a Ana do que eu que, sem mesmo saber porquê, me senti completamente derrubada e incapaz de manter os olhos abertos. Merecias mais do que isso Carlota! Tu, a mais atenta das minhas gatas. A mais presente, a mais comunicativa, a mais senhora da sua vontade que era, na maior parte das vezes, a nossa…

Quando, já de manhã, vim para o teu lado, sofrias. Devias ter dores atrozes, porém, arrastavas-te ainda para a minha almofada para te encostares a mim enquanto eu não parava de te acariciar esse pêlo belíssimo até há tão pouco. E ronronavas… E eu chorava…E tu fitavas-me com esse olhar pungente. E eu decidia o que fazer. E chorava. E já me doía a saudade.

E a manhã foi crescendo e com ela crescia a angústia e a urgência.

Agora, ao meu colo, adormecida para sempre enquanto me olhavas (será que sentiste traição? alívio? medo? saudade? gratidão? nada?) e ronronavas e me olhavas e ronronavas até esse som ser apenas mera ilusão, não és mais que um corpo que faz lembrar a minha Carlota. A minha diva. A minha musa. Seguramente uma das gatas mais especiais que conheci.

Até um dia Carlota.

7 comentários:

Tia [Zen] disse...

Fica a ternura desse ronronar...

BEIJINHO E UM ABRAÇO

Donagata disse...

E tantas mais ternuras...

Cristina Loureiro dos Santos disse...

Tão triste...
:(

Beijinhos, prima querida.

prada handbags disse...

Fica a ternura desse ronronar

Donagata disse...

Mas fica também tanta saudade....

Anónimo disse...

Pois é... custa-nos tanto perder assim, de uma maneira tão cruel, aqueles que foram nossos companheiros, nossos amigos, nossos confidentes... por vezes (por muitas das vezes, quase todas!) muito mais que aqueles bípedes interesseiros e irracionais... Mas é a lei da vida. Ficarão na memória todos os bons momentos, por muitos mais anos que vivamos.

Bom blog, parabéns! Continuações.

Donagata disse...

É verdade, Anónimo, fica tudo isso que compensa aqueles momentos últimos da dor da despedida.

Muito obrigada.