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quarta-feira, 11 de maio de 2016

Agora sou água do mar

Aguarela de Maria Manuela Silva

Agora sou água do mar

Sou o silêncio de que são feitos os sonhos.
Sou grito rouco de palavras de calar
e guardo em mim todos os segredos da areia.
Não preciso mais de certezas,
nem de fingir percursos,
e tampouco embarco em derivas inúteis
que mais não são que
patéticas geometrias do absurdo.
Não sofro já de futuros incertos
e guardo a saudade aqui mesmo,
no cós do imaginário sem limites.
Vogo na franja da onda
e adormeço no regaço da minha própria intimidade.

Agora sou água do mar.

2016-05-11


Nota: poema construído sobre uma aguarela de Manuela Silva

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