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Aguarela da série "Mascaras" de Miguel Ministro
Por vezes as palavras demoram a acordar.
Depois, surgem sem chama, inócuas, desnecessárias.
Negam-se a fazer sentido.
Não me lêem. Não me adivinho nelas.
Preciso de as iludir, de as rasgar, de lhes arrancar as máscaras,
de lhes soprar os fumos, as névoas, o que nelas é breve.
De as soltar dos silêncios aparentemente anódinos
e obrigá-las a estar aqui sem limite, audazes, maliciosas, incendiadas
e então, só assim, poderá nascer o meu poema.
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