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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Último Acto em Lisboa” de Robert Wilson

Há já alguns anos que li “O Cego de Sevilha”, do mesmo autor o qual me deixou uma excelente impressão. Sou apreciadora de romance policial mas não suporto o mesmo mal escrito e descuidado por muito interessante que possa ser o enredo.

Pois não é o caso deste.

Mais do que um policial com um enredo muito trabalhado e cuidado, é também uma lição de História contada de modo ligeiro mas preciso.

O livro está escrito a dois tempos que desenvolvem acções aparentemente isoladas uma da outra.

Uma inicia-se em 1940, ainda em Berlim, onde se prepara uma forma de explorar o volfrâmio português, das Beiras, uma vez que estando iminente um ataque à Rússia, até ali a principal fornecedora do precioso metal, era necessário encontrar alternativas.

A outra inicia-se com o aparecimento do corpo de uma adolescente, Catarina Oliveira, numa praia, nos anos de 199… É o início de uma investigação que é entregue a Zé Coelho inspector da Judiciária.

De início ambas as histórias se vão desenrolando sem se perceber de que modo se irão entrosar.

À medida que se vai evoluindo na leitura vamos, surpreendentemente, talvez, atendendo a que estamos a ler um livro policial, tendo uma noção de como os alemães se apoderaram de uma parte significativa da exploração do nosso volfrâmio, de como Salazar “geriu” as relações internacionais durante este período da 2ª Guerra, da vinda de ouro alemão para Portugal, proveniente do saque aos judeus, dos métodos da PIDE, de Caxias, enfim, um longo périplo por um período histórico rico em perversão.

Por outro lado vamos acompanhando as diligências do inspector Coelho tentando destrinçar uma trama que se vai adensando cada vez mais até que, inexplicavelmente, lhe são levantadas barreiras a ele próprio.

Bem, não vou contar o livro, claro. É interessante é lê-lo.

Apenas remato dizendo que está escrito com perícia e literariamente muito cuidado. É de mestre a forma como, apenas no fim, se encaixam todas as personagens (e são muitas) e todas as situações como se de um puzzle de muitas peças se tratasse.

A ler, sem dúvida estas 522 páginas empolgantes.

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