Páginas

quinta-feira, 12 de março de 2009

Passeio de Domingo

É verdade. Domingo fui com mais alguns familiares e amigos passear por uma zona que, embora próxima, eu não conhecia.
Fomos à Serra da Freita.
Integra-se no maciço da Gralheira juntamente com as Serras da Arada e do Arestal e fica encaixadinha entre as do Caramulo e a de Montemuro.

Pertence ao Concelho de Arouca, concelho fértil, sobretudo no que concerne à cultura do milho, contrasta, porém, muito vivamente com essa fertilidade. É erma.
Provida de vegetação muito escassa, composta, pelo que pude notar por urze, carqueja e alguns vestígios de erva embora esparsos.
Contudo, pude observar que o gado bovino pasta livremente todo o dia, solto na serra, regressando, à noite, sozinho aos seus currais.

Além do aspecto um tanto desolador embora impressionante revelado pela serra, passei por locais bastante típicos cujas casas se inserem na própria rocha existente constituindo algumas das suas paredes. Pátios ou eiras feitos de uma pedra só, espigueiros, enfim, tudo aquilo que já não vejo há algum tempo.

Todavia houve dois lugares que me encantaram particularmente. Começo pela “Frecha da Mizarela”. Bom, a Frecha da Mizarela é uma queda de água lindíssima, que começa galgando pequenos socalcos até se deixar tombar livremente de uma altura que me pareceu bastante razoável. Segundo informação colhida no local a queda é de cerca de 75metros.

É formada pelo rio Caima (que desagua depois no Vouga), próximo da nascente pois revela um caudal ainda incipiente e é causada pela diferença de constituição mineral do seu leito. Até um certo ponto essencialmente granítico, de erosão lenta, muda para um leito xistoso, portanto de desagregação mais acentuada, provocando uma falha muito marcada e, consequentemente, a belíssima queda de água.
Tive a felicidade de a ver ainda por entre os vapores do nevoeiro que se fazia sentir de manhã, para depois a voltar a contemplar absolutamente resplandecente sob os raios do sol que nela incidiam, vendo ainda, ao fundo, os topos das nuvens que tínhamos atravessado. Tão simples e tão belo!

Bom. Mas o local que me causava mais curiosidade era inegavelmente o das “Pedras Parideiras”. Só o nome já dá para nos alvoroçar… Eu já havia várias vezes ouvido falar do fenómeno, bastante incomum mas, a verdade, é que não fazia ideia com tal se revelava.


O “Plutonito da Castanheira” ou “Granitóide Modular da Castanheira” vulgarmente chamado de “Pedras Parideiras” trata-se de um local em que se pode observar exactamente isso: pedras que parem (soltam) pequenas pedras que antes constituíam o seu todo, deixando marcas arredondadas revestidas de mica nos locais de onde se soltam.

O granitóide é uma rocha de grão médio, de duas micas com estrutura modular. Os módulos, de forma discoidal estão dispersos na rocha e separam-se com facilidade do granito envolvente devido à sua constante desagregação pelos agentes atmosféricos.


E pronto. Cá temos pedras que parem outras pedras…

Achei colossal.

Depois do interessante passeio, fomos terminar a manhã (que até já ia bem avançada na tarde tal tinha sido o nosso entusiasmo) num belíssimo restaurante na margem do rio, em Pessegueiro do Vouga, saboreando uma lampreia à bordalesa (alguns, que não eu, que nem olho para o bicho. A minha "religião" proíbe-me de comer ciclóstomos!), ou uma vitela de Lafões assada à maneira.



(Quem é que, depois de olhar para isto, ainda tem vontade de comer?)

Depois de algumas horas de conversa agradável regressei a casa com a sensação de um dia bem passado.

7 comentários:

wallper.lima disse...

Gostei mto desta postagem...mto linda a queda d'água, e mais sensacional foram as fotos em perfeito ângulo, onde mostram direitinho onde começa e a queda propriamente dita...até parece uma pintura.
Sobre as pedras parideiras, tb pra mim foi um novo conhecimento, pois nunca tinha ouvido falar. Vc descreve mto bem o que ocorre com elas, e novamente, através das fotos, pude ver o quanto é estranho e curioso o que ocorre com elas, e chegamos a conclusão que Lavoisier estava certo - na naturaza nada se cria, tudo se transforma.
E para fechar o almoço, com aquele bicho(peixe) estranho - Lampréia - e até eu que gosto de vários frutos do mar, iria pensar algumas vezes pra comer... que boca!
Eu adoro seu jeito de escrever, de se expressar, de uma forma leve, gostosa, e tenho lido mtas de suas postagens antigas como: coisas que aconteceram comigo, a consulta, este já passou( sobre o natal), enfim estou adorando e rindo mto.
Sobre minha última postagem, deixei uma explicação para vc,...
Bjoca gostosa.
Waleria.

BlueVelvet disse...

Não fora uma certa fotografia sobre a qual tive que passar de olhos fechados, diria que este post é um encanto.
Pronto, está bem, está um encanto, mas não dá para tirar o bicho daqui???
LOL
Beijinhos e bom fim-de-semana

Ps: Deve ser mesmo lindo o que viste

Anónimo disse...

Muito interessante! Desconhecia que existiam estas pedras. Achei graça ao comentário sobre a lampreia, mas, por sinal,a mim, não me faz muita diferença saber, que antes de ir parar ao tacho é um "bicho" horrível. Penso nisto muitas vezes, no fundo é a nossa cultura alimentar. Uma lagosta, por exemplo, quase parece um gigantesco escorpião, estou a dizer quase... e, no entanto é de comer e lamber os beiços por mais! :D

Donagata disse...

É verdade Milú. Se estivermos atentos ao que comemos teríamos grandes problemas em nos alimentarmos. Uns porque são horrendos e fazem impressão como é o caso, outros porque são uns bichinhos amorosos e não tenho coragem. Vá-se lá entender...

BlueVelvet, eu até tirava. mas se o fizer perco o fundamento da minha razão. Ora, como advogada, deves compreender que o nãoposso fazer.

Beijos.

Donagata disse...

Wall, gostei muito que lesse este post pois fica a conhecer um pouco as coisas bonitas que temos no nosso país. É muito pequeno, como toda a gente sabe, mas em pequenos espaços, conseguimos encontrar uma diversidade incrível do ponto de vista vegetal, mineral ou zoológico.
Este local que eu ainda não conhecia embora fique a pouco mais de duas horas de minha casa, além de lindíssimo, brinda-nos com curiosidades raras. Tem também trilhos pedestres assinalados conforme o gosto pessoal. Tenho intenção de lá voltar quando estiver bem da perna para fazer o percurso dos vestígios pré-históricos.

Um beijo.

Anónimo disse...

Aqui está um pequeno excerto do que é bom nas viagens. O prazer de as viveres entende-se bem pela alegria com que as contas.

Quanto à lampreia, concordo.

Donagata disse...

Nota-se assim tanto que gosto de viajar? de conhecer?
Ainda bem. É que gosto mesmo. Em boa verdade tudo o que faço, faço-o com gosto, a 100%.

beijinhos.