Confesso que já li alguns livros de João Aguiar não tendo uma opinião uniforme em relação ao que li. De alguns gostei mesmo muito, de outros gostei menos. O que é inegável é que se tratam de livros ricos estilisticamente, que fogem aos chavões e lugares comuns daqueles que procuram best- sellers.
Quando li a sinopse deste, não resisti a comprá-lo sabendo, como já disse,(da leitura de outros livros) a capacidade do autor para a crítica aberta e escarninha.
E, tal como eu esperava, o livro revelou-se uma apreciação atrevidamente cáustica e óbvia ao livro de Dan Brown “O Código de Da Vinci”, bem como à enorme quantidade e péssima qualidade dos muitos outros que se lhe seguiram.
Embora o tema seja o da escrita e da autoria mas na sua vertente editorial, com todas as manigâncias e jogos de interesses que por aí se desenvolvem, o livro começa, obviamente, com o assassinato de um autor, num voo, seguido de mais dois em condições diversas, todos com responsabilidades nas “tramas” editoriais.
Todos também estavam dispostos a atacar um livro, best-seller internacional, que passa a mensagem de que a origem da doutrina cristã seria do tipo orgiástico.
A sua enorme aceitação deve-se a um ritmo narrativo embalador, inebriante que prende o leitor e disfarça os erros, os lugares-comuns e todos os outros defeitos.
O próprio João Aguiar consome e utiliza, para a escrita do seu livro, as estratégias narrativas dos autores em causa, de uma forma acutilante, delirante e terrivelmente corrosiva.
O livro tem uma estrutura algo complexa mas não poderia ser de outra forma para surtir o efeito pretendido.
Julgo que o autor pretende demonstrar que “embora a escrita seja um exercício de sedução”, palavras suas, é muito mais do que agarrar o leitor pela curiosidade e pelo mistério. É necessário que o leitor também pense…
Deste, gostei bastante.
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