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quarta-feira, 23 de março de 2011

“A Casa de Papel” de Carlos María Domínguez

Li “de um só fôlego”, como me avisava a badana da contracapa, este pequeno/grande livro deste autor argentino que não conhecia. E, mais uma vez, fiquei com aquela incómoda mas ao mesmo tempo doce sensação de ter sabido a pouco… de querer mais…

A este livro só lhe falta ser um bom bocado mais “gordinho” para retratar um pouco de mim. É que nos fala, de forma deliciosa, do amor pelos livros. Da compulsão pela leitura mas também pela posse do objecto livro.

E como eu gosto dele; de o manusear, de o abrir, de lhe “medir” as margens, de o cheirar, de lhe cobiçar as letras…

Vai-nos levando através desta magnífica fábula (ou como lhe queiram chamar) através dos comportamentos daqueles que amam os livros.

É uma reflexão belíssima sobre a arte de os usar, de os estudar, de os possuir, de os guardar, de os preservar, de os ler, de os amar. Reflecte também, ou leva-nos a reflectir, acerca de até onde o amor desmesurado pelo livro nos pode levar; o quão difícil é saber quando parar, qual é a linha limite a partir da qual o comportamento pode ser considerado doentio, irracional, patológico.

Tudo começa com a morte de Bluma Lennon, atropelada por um automóvel, quando seguia lendo um velho exemplar dos “Poemas” de Emily Dickinson que acabara de comprar no Soho.

Alguns dias mais tarde, o seu substituto no Departamento de Línguas Hispânicas da Universidade de Cambridge recebe no deu gabinete um embrulho, proveniente do Uruguai, dirigido à sua defunta colega.

Quando o abre depara-se com um volume sujíssimo, com pedaços de cimento e terra agarrados o qual tem dificuldade em reconhecer como sendo um exemplar de “A Linha da Sombra” de Joseph Conrad, autor acerca de quem a sua colega estava a preparar uma tese.

E a partir daqui, meus amigos, irão vocês entrar no percurso fabuloso que eu já fiz e que, naturalmente, irei voltar a degustar.

2 comentários:

Mar Arável disse...

Vou ler

até porque um livro mesmo magro
deve ter sempre algo
para agarrar

Bjs

Miguel Pestana disse...

Gostei de lê.lo também. é pena ser breve, de poucas páginas e palavras :)

Gostei do blogue. Parabens