Como penso que já disse, este ano fiz umas férias como há muito desejava: um cruzeiro pelo Mediterrâneo oriental.
Não me vou alongar aqui a descrever as maravilhas que visitei, foram muitas; nem insistir no agradável e repousante que é encontrar-me no meio do oceano absolutamente relaxada sem outros horizontes que não o céu e o mar pintados com os matizes do sol e da lua. Não é meu objectivo incendiar invejas em ninguém.
Um dos locais que visitei foi Efesus como não podia deixar de ser. É espantoso. Tendo em tempos albergado o Templo de Artemis (aqui, deusa da fertilidade), uma das sete maravilhas do mundo antigo, do qual (mais precisamente dos quais pois foi reconstruído várias vezes) já não resta nada, apenas uma coluna indica o local onde se situaria é, contudo, algo verdadeiramente impressionante.
Ocupando uma vastíssima área, apenas 15% do que se sabe existir está escavado. Mesmo assim foram dos vestígios da antiguidade mais interessantes e mais completos que me foram dados visitar.
Mas, embora possa parecer estranho, não é de Efesus que vos quero falar. Apenas refiro Efesus porque foi depois da visita a esta localidade, depois de reembarcar em Ismir, que, estando debruçada sobre a amurada do navio me pareceu ver uma tartaruga! É verdade, uma tartaruga e grande, pois dado o tamanho do navio e encontrando-me eu ao nível do 11º andar, se fosse pequenita não tinha hipótese de a vislumbrar.
Durante algum tempo, enquanto ela foi visível, fui-a acompanhando até desaparecer. Não foi muito tempo pois deslocava-se no sentido contrário da nossa rota e por isso deixou-me até um pouco duvidosa. Também não ajudou nada o facto de o meu marido não a ter conseguido ver e se pôr a dizer que eu estava com visões, que não devia ter bebido tanto (eu não bebo) e outras parvoíces semelhantes.
Devo dizer que, embora tivesse (quase) a certeza de que o que tinha visto era uma tartaruga, fiquei francamente intrigada pois, confesso a minha ignorância, não fazia ideia que o Mediterrâneo, neste caso mais concretamente o Mar Egeu albergasse semelhante fauna uma vez que sei que não há sinais de nidificação nas costas do Atlântico Oriental.
Chegada a casa uma das primeiras coisas que fiz foi pesquisar no sentido de saber se era possível ter tido semelhante visão ou se me teria iludido.
Não deve ter sido ilusão. Aprendi que, efectivamente as tartarugas marinhas neste caso a espécie mais comum por estas bandas, a espécie Caretta, vivem sempre no mar vindo apenas a determinadas praias para nidificar, sempre as mesmas (isto eu já sabia), sendo que no Mediterrâneo existem algumas dessas praias, sobretudo na Grécia e na Turquia. Ou seja, exactamente por onde eu estava a navegar.
Aprendi também que os adultos vivem essencialmente em zonas costeiras embora possam fazer grandes migrações enquanto que os jovens são essencialmente pelágicos ou seja vivem preferencialmente no mar alto. Portanto, o que eu vi, deveria ser um belíssimo exemplar de uma tartaruga adulta.
Foi também muito interessante saber que, pelo menos nesses dois países, as praias de nidificação estão a ser alvo de um programa de protecção dado que a grande tartaruga marinha é uma espécie em rápida extinção. Por um lado porque não conseguem distinguir detritos vários que vogam por esses mares, das medusas e outros tipos de seres de que se alimentam, provocando-lhes, a ingestão dos mesmos, a morte. Por outro lado são cada vez em menor número os locais de desova dada a expansão do turismo nas praias onde tal se verificava. Além disso, são frequentemente apanhadas nas redes de pesca por arrasto causando-lhes fortes danos e quase sempre a morte. Também são apanhadas muitas vezes pelo anzol (vêm ao cheiro do isco) e na maior parte das vezes são soltas e lançadas ao mar com o anzol na boca ou na garganta acabando, também, por lhes determinar a morte. Há locais onde são mesmo apanhadas para a utilização da sua carapaça bem como da sua carne.
Enfim, tudo serve para aprendermos qualquer coisinha! E são estas pequenas aprendizagens que, por vezes, nos tornam mais conscientes da fragilidade do equilíbrio da Natureza…
(Imagens da Biblioteca de Efesus e do Teatro)
(Imagem de tartaruga bébé fruto do programa de protecção às praias de nidificação nas costas da Turquia, próximo de Bodrum)
7 comentários:
Sempre que somos surpreendidos naquilo que julgamos seguro, defendemo-nos com uma ilusão, a felicidade, o amor, a paixão...
Olha vê lá a data do teu blog, dos teus feeds, ou o que seja, pois não actualiza lá no meu sítio as tuas postagens e assim atraso-me!
António, se eu soubesse do que estás a falar, ou seja do que queres que eu faça para que actualizes as minhas postagens, acredita que o fazia de muito boa vontade.
Contudo vou por aqui dar uma vista de olhos às minhas definições. prometo.
Em relação ao teu blog é que estou muito atrasada já que estive ausente e a produção foi sempre a andar. Vou levar séculos a pôr-me em dia.
António, experimente se com o endereço donagataempontodecruz.com/ dá.
Pois quer saber, acho que nesta viagem só faltou mesmo a professora de hidroginástica. É que tinha dado muito jeito! Ela não se teria importado nada...
Havia algo a que chamavam de hidroginástica, mas aquilo era a brincar. Nem valia a pena perder o tempo.
Realmente tinha lá feito falta uma aulinha (ou duas) como a de Sábado.
Que férias, hein, Donagata!! É claro que invejo, no bom sentido...
O principal de umas férias assim, é o encontro que podemos ter conosco, em harmonia e na paz. Fico a me imaginar num navio e depois ver tantas maravilhas; poder tirar da lembrança, mesmo que por pouco tempo, a violência das cidades grandes.
Beijo, amiga!
Tais
Recomendo vivamente Taís. É uma forma excelente de descansar ao mesmo tempo nos podemos ir cultivando sempre um pouco mais com as maravilhas que vamos vendo.
Um bom modo de retemperar forças para ir desgastando ao longo do ano...
Beijos
Enviar um comentário