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sábado, 6 de setembro de 2008

Passos de sombra

Caminho, alheada, pela vereda

que me conduz ao portão.

Os cubos de granito da passagem

fascinam-me de uma forma

que não controlo, que não entendo

e a que devo dizer : não!

Passo, atrás de passo, atrás de passo,

lento, cadenciado, impensado,

caminho de olhos presos aos pés,

que gatinham pelo chão;

às unhas brilhantes, de verniz,

que adornam dedos irrequietos

como vermes gordos e rosados,

que se agitam, porque agonizarão

na própria sombra.

Na sombra que me angustia,

que se pega, que se agarra

que se prende que me segue, que se adianta…

A sombra, que sou eu sem ser

que me reproduz sem eu querer,

que me prende, que me agarra,

Sempre colada aos meus pés

e às pedras da calçada.


5 comentários:

ruth ministro disse...

Um poema inquieto, assustado, ansioso... Uma grito de alma lindíssimo. Adorei :)

Mil beijos no seu coração

Angelina disse...

Adorei este poema. Está belíssimo! De uma cor negra, mas que nos deixa arrebatados.

Um beijo grande.

Donagata disse...

Inquieto, assustado e de cor negra, como por vezes nos encontramos. E se temos dificuldade em encontrar aquele abrigo, então surge o medo.

BlueVelvet disse...

Como compreendo este poema.
Também a minha sombra se agarra a mim.
E sem abrigo também exprimento o medo.
Lindíssimo.
Beijinhos e veludinhos azuis

Anónimo disse...

Uma mensagem de sombra que se cola aos pés...
Mas para haver sombra tem que haver uma luz.
E a Luz é o que mais importa!