Caminho, alheada, pela vereda
que me conduz ao portão.
Os cubos de granito da passagem
fascinam-me de uma forma
que não controlo, que não entendo
e a que devo dizer : não!
Passo, atrás de passo, atrás de passo,
lento, cadenciado, impensado,
caminho de olhos presos aos pés,
que gatinham pelo chão;
às unhas brilhantes, de verniz,
que adornam dedos irrequietos
como vermes gordos e rosados,
que se agitam, porque agonizarão
na própria sombra.
Na sombra que me angustia,
que se pega, que se agarra
que se prende que me segue, que se adianta…
A sombra, que sou eu sem ser
que me reproduz sem eu querer,
que me prende, que me agarra,
Sempre colada aos meus pés
e às pedras da calçada.
5 comentários:
Um poema inquieto, assustado, ansioso... Uma grito de alma lindíssimo. Adorei :)
Mil beijos no seu coração
Adorei este poema. Está belíssimo! De uma cor negra, mas que nos deixa arrebatados.
Um beijo grande.
Inquieto, assustado e de cor negra, como por vezes nos encontramos. E se temos dificuldade em encontrar aquele abrigo, então surge o medo.
Como compreendo este poema.
Também a minha sombra se agarra a mim.
E sem abrigo também exprimento o medo.
Lindíssimo.
Beijinhos e veludinhos azuis
Uma mensagem de sombra que se cola aos pés...
Mas para haver sombra tem que haver uma luz.
E a Luz é o que mais importa!
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