Cansada de olhar o mundo pela janela,
de ver a vida correr lá fora,
de ouvir os sons da rua coados pelos vidros,
pelas paredes,
pelas portas.
De ter como ponte para o exterior
uma caixa de imagens desprezíveis,
desinteressantes, repisadas e de mau gosto,
submirjo ávida nas letras dos livros
que me devolvem a sanidade.
Levam-me a viver outras vidas,
a sonhar outros sonhos,
a sofrer de paixão,
a amar incontroladamente,
a chorar outras lágrimas,
e a esquecer-me das minhas.
São vocês, dilectas letras,
que me fazem voar,
soltar-me da terra,
sorver em fortes golfadas os ventos do mar,
envolver-me na sua espuma,
enredar-me nas suas ondas,
vestir-me de algas,
visitar os seus segredos
e encontrar-me entre o sal das ondas e o das lágrimas,
desta vez das minhas, soltas na solidão.
Donagata em 2009-01-21(Imagem: Bodegon com libros de Angel Berbel)
5 comentários:
LOL
Desculpa. Esqueci-me de dizer que era depois da meia-noite. Já lá está.
Beijinhos
Há livros que me deixam pena, quando termino a sua leitura! Custa-me despedir das personagens! É como se já fizessem parte da família ou da minha vida!
É verdade, Milú. A mim acontece-me isso com grande frequência.
Beijos
puxa vida, que poesia linda! Adorei quando vc diz:
Vestir-me de algas
visitar meus segredos,
e encontrar-me entre o sal das ondas e o das lágrimas, soltas na solidão.
Realmente as vezes temos que nos mergular no profundo, para encontrarmos-nos de fato!
E essa junção do sal com as lágrimas...puxa!!!!!!!!!!!!!!!1
Bjoca.
Wal.
Obrigada. Ainda bem que gostou.
Beijos
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