(Imagem: "Poetry reading" by Shery)
E lá se realizou a segunda tertúlia de poesia no Healthclub Solmaia. A sala esteve muito cheiinha e, sobretudo, estiveram presentes as pessoas que realmente se interessam pela poesia e pelos momentos emocionantes mas também divertidos que esta nos pode proporcionar.
Sei também que houve ausentes que teriam feito tudo para estar presentes, mas não puderam (a macumba não resultou Susana). Para esses, também sopraram os nossos poemas e julgo que os terão recebido como uma daquelas brisas agradáveis que nos revoluteia os cabelos e nos acaricia o rosto.
Houve mais elementos a declamar, a selecção foi muito cuidada, o guião estava organizado e apresentado com especial esmero (fruto do apoio generoso do departamento de design) e o Luís esteve espantoso nas composições que interpretou com a sua guitarra folk. Algumas delas serviram de fundo a alguns poemas tendo-os abrilhantado ainda mais.
No fim foram muito agradáveis os momentos de convívio entre todos os que lá estávamos, enquanto tomávamos um chazinho e petiscávamos uns docinhos. Bom, docinhos num healthclub! …. Mas um dia não são dias e hoje é Domingo! Além disso ninguém era obrigado a comê-los.
Deixo-vos com uma pequena amostra do que lá foi dito:
Cão
Cão passageiro, cão estrito
Cão rasteiro cor de luva amarela,
Apara lápis, fraldiqueiro,
Cão liquefeito, cão estafado
Cão de gravata pendente,
Cão de orelhas engomadas,
de remexido rabo ausente,
Cão ululante, cão coruscante,
Cão magro, tétrico, maldito,
a desfazer-se num ganido,
a refazer-se num latido,
cão disparado: cão aqui,
cão ali, e sempre cão.
Cão marrado, preso a um fio de cheiro,
cão a esburgar o osso
essencial do dia a dia,
cão estouvado de alegria,
cão formal de poesia,
cão-soneto de ão-ão bem martelado,
cão moido de pancada
e condoído do dono,
cão: esfera do sono,
cão de pura invenção,
cão pré fabricado,
cão espelho, cão cinzeiro, cão botija,
cão de olhos que afligem,
cão problema...
Sai depressa, ó cão, deste poema!
(Alexandre O'Neill, 1924-1986, Portugal
Hoje amo-te porque
Hoje amo-te porque é sábado
E as paredes ecoam o teu nome.
E a chávena de café tem a marca dos teus lábios.
Amo-te porque é manhã e eu não dormi.
Porque a saudade é mais forte que o cansaço,
Que a noite, que a vida, que eu...
Amo-te porque me fazes chorar,
E porque só tu consegues fazê-lo.
Amo-te porque entra vento morno pela janela,
E os meus pés descalços dançam,
E o sol toca-me a pele como se fosses tu.
Hoje amo-te porque os pássaros cantam por mim.
E eu, sorrio por eles.
Ruth Ministro
19 comentários:
Ola Sra Donagata :)
Eu estive lá numa Brisa bem Suave ;)
Fico contente por ter corrido Tao bem !!!
Voces Merecem !!!
Em relaçao aos Poemas aqui postados ... eu conheço mto bem um deles , é facil Emocionar-me sempre q o leio !...
Tenho a certeza q deve ter sido uma tarde com muito nivel , com pessoas de Nivel !!!
Um bem Haja para si !
Beijo , Anibal Borges .
Foi uma tarde belíssima, excepto nas partes em que eu li hehehe :) Todos os outros estiveram muito bem!
A nossa querida Donagata foi brilhante, e o meu irmão (deixem-me ser babada) foi fantástico. O vosso dueto no final deu o remate perfeito ao evento :)
Mais uma vez, adorei ouvir os meus poemas tão bem declamados pela sua linda voz e pelo seu ainda mais lindo coração. Obrigada.
Mil beijos
Não me foi possível estar presente :(
Mas na próxima com certeza marcarei presença.
Um Beijo meu.
Não se desmereça querida nuvem! Esteve muito bem. Muito mais descontraída, pelo menos em aparência, e disse poemas muito difíceis (José Luís Peixoto é tudo menos simples), muito bem. De forma muito clara e muito intensa. Como sabe, ao ponto de emocionar a plateia (falo por mim e não só)e a si própria.
Também adorei o vosso dueto (seu e da Ana)e o Luís esteve um must...
O Miguel, bem, o Miguel, sem desmerecimento para ninguém, é digno do prémio revelação 2008!
Enfim, correu tudo muito bem. Foi um dia de descanso que vocês não tiveram mas penso que valeu a pena.
Obrigada.
Beijos.
Brain, foi pena que não estivesse. Correu muito bem (embora eu seja suspeita) e seria muito interessante conhecer pessoas de quem gostamos apenas por ler as suas palavras. As suas seriam, naturalmente, uma enorme mais-valia.
Fica para a próxima.
Um beijo.
Aníbal, o bem-haja é para todos nós. Os presentes e os ausentes que estiveram connosco.
Um beijo.
Mas que inveja! É mesmo o bicho verde. A ver se consigo ir um dia destes.
Não conhecia a Rute Ministro mas tenho que rapidmente colmatar essa falha.
Parabéns a todos.
Para conheceres a Ruth vai ao blogue "A minha nuvem".
Tem poemas de que eu gosto mesmo muito.
Penso que muito brevemente teremos uma surpresa em relação à poesia dela.
Beijos
As tertúlias são, de facto, uma perdição.
Boa semana
Gostei do desfazer-se num ganido e refazer-se num latido, só a poesia em curtas pinceladas nos dá uma tão grande amplitude de estados de alma.
Na minha lista de aviso de posts o teu blog nunca aparece, por isso, vou perdendo alguns pots... deve ser da tua configuração.
Por vezes esqueço-me o quanto gosto de poesia. E depois quase me surpreendo de, quando a leio, ficar assim, pasmo, aparvalhado
António, também não sei o que se passa. mas acontece com todos. Contudo tenho um bocado de medo de estar a mexer muito nisto porque, por um dia, fiquei mesmo sem blogue.
Apanhei cá um susto!
Aliás poderás constatá-lo no post "Que susto!" que inteligentemente perdeste.
Eu vou ao teu muitas vezes, mas faço esforços violentos para ler os teus "contos" de uma assentada. É muito melhor. Só que eles são mais fortes do que eu e, como vês, não consigo.
Beijos
Ainda bem que veio e que o conseguimos "pasmar". Isso, na minha opinião é muito bom. É também para que outros como o André se lembrem da força da poesia que nos damos ao trabalho (leia-se prazer) de organizar estes encontros de amigos.
Beijos.
Afinal, André, percebi que não era o André que tinha vindo e estado aqui connosco. Coincidências!
Mas o resto do meu comentário mantém-se, é bom que uma vez por outra reflictamos e nos deixemos embalar pela beleza de um bom poema.
Até é feio parecer estar a ensinar o padre-nosso ao vigário. Efectivamente não na poesia, que eu me tenha apercebido, mas é dotado de uma escrita pejada de um humor raro e fertilíssimo. É de ir às lágrimas quando resolve transformar acontecimentos do mais prosaico quotidiano em autenticas aventuras quase épicas.
Adoro ir ao seu blogue. É sempre uma lufada de boa disposição.
Parabéns.
Hummm, também estou a ficar com uma invejinha...
Beijinhos :)
Cristina Loureiro dos Santos
Estou de birra... É que a brisa não foi até Lisboa, onde meti 20h de água... creido!
Não teve brisa poética porque estava inundada de brisa aquática.
mas foi giro. desta vez já fizemos a coisa com outro Know How.
A próxima data sou eu que marco, óbirom voceses as duas? Sim, sim, a enevoada e a persa. Aie... Afinal quem é que tem a lista dos emelos, quem é?
Tá benhe! noses inté agardessemus.
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