na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva, cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco.
José Luis Peixoto, in "a criança em ruínas"
9 comentários:
Nunca consigo ler este poema sem que uma lágrima fugitiva me traia o sentir... Lindíssimo, como o é o mundo dos afectos, aqueles que nunca serão lugares vazios.
Acontece-me isso com alguns poemas. E este autor, que eu aprecio profundamente, tem o condão de nos "picar" os sentimentos, os afectos, por vezes até coisas que julgávamos esquecidas.
Já sabe que partilho a admiração por este autor, que li graças à sua dica. Tenho que ver se compro também este livro, para devorar sem moderação hehehe :)
Beijinhos, muitos!
A Dina tem. Se quiser que eu encomende!!!
LINDO LINDO LINDO !!!
Ola Sra Donagata , boa noite !
Tenho a dizer q nao conhecia o Autor , mas q AMEI o Texto e o q ele Transmite !!!
Mto Obrigado por te-lo partilhado .. :)
Bjo , A.B.
Pois se não conhece devo dizer-lhe que vale mesmo a pena conhecer; quer como poeta quer como ficcionista. É muito bom.
Partilharei outros, certamente.
Embora muito triste adoro este poema.
Faz-me sempre lembrar um de Pessoa, também muito triste. Aniversário:No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos, Eu era feliz e ninguém estava morto. ...
Beijinhos e bom fim-de-semana
Mto bom! Obrigada, Donagata*
Obrigada a todos os que aqui perdem um tempinho.
Beijos.
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