So-co-rro!
Palavra tão silabada,
tão difícil de soltar.
Tão perra,
tão demorada
quando o horror
nos transtorna
e é preciso gritar.
Prende-se logo a voz
na consoante, um sibilo.
Escapa um silvo hesitante,
sem consistência, enfezado,
quando aquilo que se exige
é um som acutilante.
Tenta-se engrossar o “co”,
Mas é mudo este o.
Fica preso, sem sentido,
é discreto, comedido,
ineficaz por si só.
Resta-nos o “rro” final.
Começa bem, rola forte
mas sendo o som terminal,
tão fraco como o anterior,
morre, pois não tem suporte.
Socorro, palavra oca,
dita sempre com amargor,
é algo que nos sufoca
É um brado imolador.
Donagata em 2008/08/07
3 comentários:
Olá!
Venho agradecer a visita às minhas Horas Serenas!
Já li este livro... como todos os escritos por este autor - fantástico!
Também vou voltar, com certeza!!
Bjs
Belo exercício
uma construção de palavras
onde se pode respirar
em todas as varandas
É exactamente assim. Apetece fritar mas fica presa nos próprios sons. Gostei muito.
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