Devo dizer que valeu a pena o empenho.
Trata-se de um livro em que a acção decorre em Tarcisis, uma cidade que, segundo o autor, nunca existiu e, como tal não é um romance histórico.
Tarcisis, ou mais propriamente o município de Fortunata Ara Tulia Tarcisis, situar-se-ia no sul da Hispânia, região da Lusitânia no século III dC, época em que o Império romano era governado pelo Imperador Marco Aurélio o Imperador filósofo.
Lúcio Valério Quíncio, único duúnviro e portanto magistrado supremo da cidade, vê-se a braços com os vários problemas que a assolam. Desde a ameaça de invasão pelos “bárbaros” do sul, ao aparecimento de uma estranha seita, os cristãos, que assustam e perturbam os cidadãos, à proliferação de intrigas, à inveja ditada pela ambição, tudo tem de enfrentar só.
Sem abdicar da prática do estoicismo (o completo domínio de si, o procurar atingir um estado de imperturbabilidade e o evitar a dor tudo para ganhar a tranquilidade da alma e a liberdade, características do sábio), filosofia com que Lúcio aparenta simpatizar, deixa para segundo plano o “sentir o povo”.
A tudo isto junta-se um amor que vai sentindo cada vez maior por Iunia Cantamber, uma patrícia convertida ao cristianismo.
O romance desenvolve-se num clima de decadência e desencanto que culmina com o seu exílio e retrata com uma mestria inusitada o contexto histórico da época.
É um verdadeiro tratado de cultura clássica.
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