Pois como já referi o Palácio foi mandado construir para residência dos marqueses em Lisboa, nos finais do século XIX, início do XX, pelo então já possuidor de título de nobreza José Luís Constantino.
Num terreno de 2 quilómetros quadrados de superfície, situado no Alto de Santo Amaro, com amplas vistas para o Tejo, o marquês manda que se construa um enorme palácio, ao qual estavam anexos: um edifício magnífico que serviria como cavalariças e cocheiras, uma capela e ainda outras construções, mais pequenas, destinadas aos seus filhos. Todo o espaço se encontra imerso em extensos jardins, com espécies botânicas raras e diversificadas por entre as quais podemos ainda observar belas esculturas como é o caso de “Hermes”.Trata-se de um conjunto estilística e urbanisticamente harmonioso.
O projecto inicial é atribuído ao arquitecto italiano Bigaglia (residente, à época, em Portugal) e terá sido continuado, dentro do espírito inicial pelo arquitecto José Ferreira Costa. Ventura Terra terá sido também responsável por uma série de pormenores decorativos.
O edifício principal organiza-se em duas alas constituídas por amplos salões que ostentam peças artísticas de várias proveniências. Patenteiam, como já referi, uma mistura eclética de estilos decorativos, sobretudo de influência francesa. Podemos contemplar, nos tectos e nas paredes, arte de nomes como: Constantino Fernandes, Carlos Reis, Eugénio Contrim, entre outros, que tornam este palácio um testemunho único no panorama da arte nacional.
Do interior, todo ele belíssimo (refiro-me ao que me foi possível ver), destaco:
O átrio principal com a sua magnífica cúpula em vitral bem como os restantes vitrais que compõem a porta da entrada e decoram as paredes os quais ajudam a criar um ambiente de luz, um tanto mágico, que encanta quem sobe a ampla escadaria em pedra que se estende ao longo dos dois lados, em semi-circulo, para se encontrar em cima num belíssimo varandim.
Sala Luís XVI, assim conhecida por nela se encontrarem, como elementos decorativos predominantes, os bustos de Luís XVI e de Maria Antonieta em forma de medalhão ovalado envolvidos por folhagens e nós de fitas. De resto a sala manifesta sobriedade mostrando já uma notável influência do estilo neo-clássico. Ainda digno de nota nesta sala é a porta de correr que dá acesso ao corredor. Contem duas folhas compostas por painéis em vitral de grande beleza e, segundo apurei, executados num atelier em Lisboa. Tais como os da porta da sala renascença são da oficina de Cláudio Martins (1879-1819) na rua da escola Politécnica.
Sala Renascença. Nesta sala predominam os revestimentos em madeira trabalhada que adquirem uma luminosidade peculiar graças aos vitrais que a decoram. Estes, introduzem formas zoomórficas (o dragão, o golfinho, o carneiro) linguagem estilística do renascimento italiano. O tecto é rasgado por uma admirável tela a óleo representando o céu com rosas com uma moldura esplêndida que apresenta nos topos um remate decorativo com máscara, florões, folhas de acanto, volutas simétricas … Estes motivos, bem representativos da época renascentista, repetem-se no fogão de sala bem como em volta das telas ovais situadas sobre as portas representando animais de capoeira (da autoria de Domingos Costa). Podemos também aqui apreciar um conjunto de múltiplas ferragens, um pouco por todas as superfícies, as quais valorizam e completam os ornatos em madeira.