Um livro excelente!
Não conhecia nada do autor antes de ler este livro.
Decidi comprá-lo porque me agradou a sinopse e porque percebi que era um autor português a escrever sobre algo que, naturalmente, não tinha vivido embora deva estar no ADN de todos.
Grande desafio! E como gosto de desafios achei que ler este livro seria algo apropriado.
Que boa escolha!
Desde já gosto muito do tipo de escrita do autor; uma narrativa descomplicada mas bonita que nos agarra desde logo.
As personagens são consistentes, bem construídas e parecem ter vida própria. A dada altura parece-nos que aquela pessoa já não está dependente do curso da narrativa ou das vivências das restantes personagens; tem um percurso próprio que nada nem ninguém pode mudar.
A história começa calma (não desinteressante), num colégio de perfil elitista na Nova Inglaterra. É para lá que Kimberly Parker, uma jovem professora nova-iorquina vai leccionar Literatura. É também aí que se encontra Sara Cross a directora carismática desse colégio.
Kimberly cria com Sara uma empatia imediata. E a vida vai fluindo com a ajuda de Miranda e de Clement, o bibliotecário.
Contudo as coisas não são o que parecem; as pessoas escondem segredos fatídicos.
E é então que tragédia de repente se abate sobre a escola. A partir daí a história passa a ter outros contornos e arrasta-nos para o drama do Holocausto.
Viajamos, pasme-se (estamos em plena Primeira Grande Guerra com tudo o que implicava para os judeus), de Nova Iorque para Oshpitzin com uma família judia, abastada e prestigiada que, assim, decide honrar os seus antepassados tentando ajudar à libertação da sua terra ancestral.
E, paulatinamente, sem que nada possamos fazer vamos assistindo ao evoluir do horror.
Desde o gueto de Cracóvia a Auschwitz, símbolo de toda a degradação humana vamos sendo mais um a sofrer com o que se desenrola perante nós.
É que a diegese é muito imagética e as imagens são vívidas, fortes e dolorosas.
A narrativa vai-se desenrolando poderosa, sem pieguices, sem recurso a vínculos morais, mostrando as várias perspectivas de um mesmo acontecimento com rigor, com frieza até, deixando-nos a nós, leitores, o ónus de julgarmos.
Não me vou estender mais pois corro o risco de dizer demais.
Adorei o livro e recomendo vivamente; o livro e o autor.
2021-05
Não me vou estender mais pois corro o risco de dizer demais.
Adorei o livro e recomendo vivamente; o livro e o autor.
2021-05