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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Simplesmente são


Há dias em que as pessoas se sentem verdadeiramente alegres. São dias claros, com brilho. Têm o perfume do rosa, do laranja e do vermelho dos morangos muito maduros. São dias quentes independentemente da temperatura que possa fazer. 

Nesses dias as pessoas estão a distância nenhuma da serendipidade. E eis que surgem, do nada, pessoas encantadoras, coisas encantadoras, acontecimentos encantadores. Enfim, um verdadeiro concurso de encantos. E as pessoas sentem-se encantadas…

Nestes dias as pessoas são sobretudo infâncias e não sentem saudades de futuro nenhum. Por isso esses dias têm também aroma de verde-claro como os rebentos muito tenros das árvores.

Geralmente tende a não haver vazios, nesses dias. Sacode-se a alma, enrola-se a lucidez, desmede-se o tempo, matizam-se os sentidos e inalam-se todos os perfumes de todas as palavras que nunca foram e nunca serão ditas. Há silêncios, portanto, mas são silêncios bons como o silêncio das borboletas, das nuvens, dos sonhos e das palavras que se gritam.

Ah, e são dias em que a água é perdulariamente doce. Não desse doce do açúcar, mas do outro, do das coisas verdadeiramente doces e boas como o orvalho da manhã ou um raio de sol nos joelhos.


Há pessoas que têm dias em que se sentem verdadeiramente alegres e, nesses dias, essas pessoas simplesmente são. 

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