Há dias em que as pessoas se sentem verdadeiramente alegres.
São dias claros, com brilho. Têm o perfume do rosa, do laranja e do vermelho
dos morangos muito maduros. São dias quentes independentemente da temperatura
que possa fazer.
Nesses dias as pessoas estão a distância nenhuma da
serendipidade. E eis que surgem, do nada, pessoas encantadoras, coisas
encantadoras, acontecimentos encantadores. Enfim, um verdadeiro concurso de
encantos. E as pessoas sentem-se encantadas…
Nestes dias as pessoas são sobretudo infâncias e não sentem
saudades de futuro nenhum. Por isso esses dias têm também aroma de verde-claro
como os rebentos muito tenros das árvores.
Geralmente tende a não haver vazios, nesses dias. Sacode-se
a alma, enrola-se a lucidez, desmede-se o tempo, matizam-se os sentidos e
inalam-se todos os perfumes de todas as palavras que nunca foram e nunca serão
ditas. Há silêncios, portanto, mas são silêncios bons como o silêncio das
borboletas, das nuvens, dos sonhos e das palavras que se gritam.
Ah, e são dias em que a água é perdulariamente doce. Não
desse doce do açúcar, mas do outro, do das coisas verdadeiramente doces e boas
como o orvalho da manhã ou um raio de sol nos joelhos.
Há pessoas que têm dias em que se sentem verdadeiramente
alegres e, nesses dias, essas pessoas simplesmente são.
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