Hoje apetecia-me mandar tudo às malvas.
Que é como quem diz que o que eu queria mesmo era o
privilégio de fazer apenas aquilo que me apetece.
Borrifar-me para as obrigações, para as conveniências, para
os compromissos. Enfim, livrar -me de todas essas grilhetas que me azedam e me amarram
os dias.
E, em vez disso, ocupar-me com alguma coisa lúcida…
Ou, ainda melhor, não me ocupar com absolutamente nada e
deixar – me vadiar, completamente absorta, pelos caminhos mais recônditos da
imaginação.
Mas não será a realidade um conveniente produto da
imaginação?
Como está pragmática a minha imaginação!
De tão praxista não lhe consigo encontrar uma pontinha que seja
de fantasia; dessa irrealidade bonita que a devia compor.
Resta-me o desânimo!
Mas será mesmo que já não divisarei o devaneio? Já não
conseguirei ascender a esse querido patamar que me permite o delírio?
Que imbecilismos são estes que surgem de todos os lados e me
amarram a uma realidade boçal que não me deixa voar? Ou a uma imaginação
amarrada, também ela, e que não se permite criar-me outra realidade, superior,
mais tolerável ?!
Hoje vou recusar esse marasmo!
Hoje vou mandar tudo às malvas!!!!
3 comentários:
Porra, que tédio!!!
Já nem a ti, nem a mim, nada nos alegra os dias.
Sempre a mesma léria.
Um enjoo, que até agonia.
Vamos às malvas, rapaz!
No ciclo das marés há sempre um barco
Um barco e um porto Mar Arável....
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