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segunda-feira, 9 de julho de 2012

“O Prisioneiro do Céu” de Carlos Ruiz Zafón



Claro que estava curiosíssima acerca deste novo livro de Zafón que me permitiria revisitar o “cemitério dos livros esquecidos” bem como personagens maravilhosas que conheci pela primeira vez em “A Sombra do Vento”.
Estava tão curiosa e tão ansiosa que nem esperei pela edição portuguesa. Li-o mesmo em castelhano que, diga-se de passagem, me dá menos trabalho do que ler traduções que obedecem ao AO (pelo menos para já, será uma questão de hábito, espero).
Pois bem, considero que li mais um excelente livro escrito por um autor de eleição.
Contudo desviou-se um pouco daquilo que eu estava à espera.
Não pretendo com isto dizer que tenha gostado menos do livro pelo facto de estar escrito num registo visivelmente diferente dos dois anteriores que compõem, para já, esta trilogia.
Neste romance Zafón forçou muito menos a parte emotiva. Ao leitor é dada a possibilidade de esmorecer um pouco a tensão com que encara a leitura. Por outro lado é menos evidente o pendor gótico que tem caracterizado os outros livros do autor. É muito visível quer nas simbologias utilizadas quer até na verosimilhança do que escreve.
É um livro em que o presente se reveste de uma importância menor do que aquilo que nos é contado pelo fabuloso personagem Fermin Romero de Torres e que diz respeito à sua vivência na prisão no “castillo de Montjuic” antes de surgir como mendigo em Barcelona. É essa narrativa que nos prende e que nos leva a compreender melhor alguns aspectos um pouco mais obscuros quer de “A Sombra do Vento” quer (e sobretudo) de “O Jogo do Anjo”.
O presente, contudo, creio que será um importante factor para a continuação desta saga. Tudo está em aberto. As personagens ainda mexem…  Além disso, este presente ligeiro, até bem-humorado, é a “almofada” que atenua o exagero emotivo, o tal pormenor literário que dá algum descanso ao leitor.
Pode-se pensar que, pelo facto de os três livros que refiro estarem interligados pelos seus personagens, pelas suas vidas, pela enorme influência dos livros, por vezes estranha, pelo “cemitério dos livros esquecidos”, só farão sentido lidos na sequência certa.
 Ou que não se entendem lidos em separado.
Nada disso.
Se bem que haja esse entrosamento de vidas e essa continuidade (e até pormenores que só se vêm a descobrir mais tarde) e que para todos haja um leit motiv “o cemitério dos livros esquecidos”, cada um é um romance por si só. Contém uma unidade narrativa com todo o sentido. Podem ser lidos pela ordem que muito bem entendermos pois estamos sempre a ler muito boa literatura plasmada em interessantíssimos romances.
Não sei o que esperar do próximo… A verdade é que noto neste um ponto de viragem. Será para valer???
Mais um que recomendo.

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