“A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho “ de Mário de Carvalho
Um daqueles livros muito pequeninos (87 páginas), mesmo próprio para meter no saco e levar para a praia.
Pequenino, é verdade, apenas no tamanho.
Num registo onde impera o absurdo e o humor (um dos muitos do ecléctico Mário de Carvalho), o autor oferece-nos belos momentos de boa escrita, bem-disposta e, ainda por cima, com laivos de história à mistura.
“O Cantor de Tango” de Tomás Eloy Martínez
Comprar “O cantor de tango” foi uma inevitabilidade para mim. Como poderia perder a oportunidade que me sorria de juntar dois amores: o tango e a leitura de um bom livro? Pela sinopse, era certo abordar o
tango. O poder ser bom indiciava-o o facto de ter sido galardoado com o prémio “De Criação Literária da Casa da América latina” e o caso de tanto o livro como o autor, terem sido alvo de críticas muito abonatórias nos meios literários.
Aproveitei estas curtas férias para o ler.
Mais do que um romance (que não considero bem), o livro é um passeio extraordinário pela cidade de Buenos Aires no período conturbado da sua derrocada financeira, com as respectivas consequências económicas e sociais.
Mas o importante do livro nem é bem isso. É que Bruno, o personagem principal, estudante bolseiro (a desenvolver uma dissertação sobre os ensaios que Jorge Luís Borges dedicou às origens do tango) desloca-se a Buenos Aires em busca de um mítico cantor de tango que ressuscitou, com uma voz assombrosa, tangos dos primórdios da sua existência, cujas letras já ninguém conhecia. Com ele, faz-nos percorrer a cidade, de história em história, redesenhando-a, redescobrindo-a. E vão-nos aparecendo assim as vozes de Borges (e personagens suas como Beatriz Viterbo), de Esteban Echeverría, de Antonio Rossi, deCarlos Gardel…
Sempre na esperança de se encontrar com o cantor, vamos percorrendo a cidade através de uma sucessão de histórias da História das pessoas, dos locais, dos acontecimentos (alguns, verdadeiras atrocidades), que foram moldando a cidade tal como ela é.
O cantor deambula pela cidade, cantando em locais por ele escolhidos numa lógica de “recuperar o passado como tinha sido, sem as desfigurações da memória”, sem que Bruno consiga nunca ouvi-lo.
Uma viagem verdadeiramente interessante à Buenos Aires dos tangos, da “peregrinação das milongas”, que fazem os encantos do meu imaginário.
2 comentários:
Já vai em dois. Hum... isto não vai ficar por aqui. Boas leituras e boas férias!!
Já vou em dois....comentários.
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