Pouso, ansiosa, as mãos no teu pelo macio,
que já não é.
Nesse pelo de belos reflexos de prata,
que já não tem.
Que soltava uma tepidez doce e boa,
que já não sinto.
Enfio os dedos nesse teu manto sedoso,
que já não é,
à espera de te ouvir ronronar com premência,
como já não fazes.
E sinto apenas frio.
Viro-te e procuro encontrar o teu olhar.
Estás fria.
O teu olhar está velado e fixo.
Os meus dedos apenas sentem aspereza
e tu, já não és tu.
És apenas a carcaça ainda reconhecível,
ainda bela,
daquela que foi a minha companheira doce de onze anos,
e já não é.
Deixaste-me desprevenida.
Foste rápida e determinada!
Agora, só não sei como tapar este buraco
fundo, negro, frio,
que sinto cá dentro,
sem te sentir.
7 comentários:
Lamento muito...
Não faz muito tempo e não foi a primeira vez que senti igual vazio amargo. É uma dor forte, tanto mais que os elevamos à "dimensão" humana...
Um beijo.
Andarilhus
Também eu tenho dois gatos e não me vejo sem eles.
Acredito que a dor seja grande :(
Lamento.
Beijos
Obrigada a ambos. E creio que só quem lida com estes seres maravilhosos, que são os nossos animais de companhia, sabe dar valor ao sentimento de perda que nos resta quando um nos deixa.
Como diz o Andarilhus, e eu concordo inteiramente com ele, elevamo-los , ainda que sem dar por isso, à dimensão humana. É que eles, numa grande parte do tempo, conseguem ser tão mais humanos do que nós...
Beijos de agradecimento.
Que pena!
E a sua poesia ainda comove mais...
...Entendo bem o q sente.
bjinhos
Cumpriu-se um ciclo de vida... ficam as saudades e as boas recordações.
Fique bem.
Obrigada Arménia. Devo dizer que encontrei algum sentido para a perda no seu espaço...
Um beijo
Tia_Cunhada, concordo inteiramente. Hoje prevalece ainda a saudade. Amanhã, quem sabe, recordarei apenas os bons momentos. Foram tantos!
Beijos e obrigada.
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