Não tinha ido ainda, este ano,
ao meu bar, ao bar da praia.
Escolhi ir lá hoje, tal era o desejo.
Mas o tempo montou-me uma cilada.
O sol cobriu-se de nuvens.
Não daquelas grossas, espessas
que trazem no ventre fortes aguaceiros.
Também não daquelas bonitas
a imitar flocos de algodão doce
que brincam connosco às charadas
tentando que adivinhemos
as imagens que elas desenham.
E como se divertem e fogem…
E como me divirto e fico…
Não, as nuvens hoje eram daquelas, altas e cinzentas,
que apenas tapam ligeiramente o sol,
apenas o suficiente
para o não deixar acalentar-nos as almas.
Ciumentas.
Sabiam que eu ia ao meu bar
cumprimentar o Sol, a areia,
as rochas escuras, as gaivotas e, o Mar.
Sempre o Mar.
O Mar de sempre.
E, invejosas, toldaram o dia.
O sol não brilhou,
a areia não refulgiu,
o Mar manteve-se austero e escuro
fustigando as negras rochas,
espumando sobre elas a sua raiva.
As gaivotas montavam guarda
em grandes bandos orientadas pelos ventos…
E eu,
eu não tive coragem de me desencantar.
Eu, não fui…
Donagata em 2009-05-14
6 comentários:
tu não me digas que o meu mar... é o teu mar?!
que os meus olhos se perdem nas mesmas ondas que os teus.
que o meu suspirar é o teu também!
não tinhas ainda ido, este ano, ao teu mar...
quando quiseres pede-me que to traga
quando quiseres conto-me aquilo que me disse
quando quiseres dar-lhe-ei os teus recados
enviarei tuas saudades
sempre... e quando tu quiseres!
este teu mar viu-me crescer. conhece muitos dos meus sorrisos, alguns dos meus beijos, parte das minhas lágrimas.
este mar escutou os meus lamentos e brindou-me com o seu azul. iluminou-me os negros dias. acarinhou-me no seu colo.
este mar falou-me ao ouvido.
e o que este mar ouviu de mim, nunca o disse a ninguém!
um beijo, donagata
luísa
(até domingo?!)
Então temos um mar que é nosso...
Um mar que amamos e que nos ama. Que nos confidencia os seus amores pelas límpidas areias que acaricia e a quem nós confiamos as nossas dores, as nossas alegrias, os nossos medos,as nossas esperanças e onde ainda espraiamos o olhar e nos deixamos perder nos seus encantos infindáveis.
Um grande beijo, salgado, como o mar, ou a lágrima...
... eu também queria um dia destes para ir corrigir os meus 107 testes sob o quentinho reconfortante de um sol discreto. Eu também queria...
E pode. Até pode dá-los ao mar para corrigir!
Bem que o mar me daria esse jeitinho...
Enviar um comentário