Dia de S. João no Porto é, já dizia Fernão Lopes na sua “Crónica de D.João I” dia de “maior folgança da cidade”, festas “cheias de animação e entusiasmo desabrido”.
Festa eminentemente popular, provavelmente de origem pagã, tendo em conta alguns costumes e rituais que a caracterizam bem como a própria data, oportunamente próxima do solstício de Verão. O saltar das fogueiras, as cascatas (presépios de Verão) normalmente com água (fogo em oposição à água); o esfregar o orvalho do amanhecer pelo corpo enquanto gesto provocador de fertilidade; o possível simbolismo fálico do alho-porro; os ramos de cidreira (produto da terra) que se esfregam pelas cabeças dos passantes, são actos que nos levam a aceitar, a comprovar até segundo Hélder Pacheco, a relação dos festejos religiosos com os movimentos cósmicos.
O S. João do Porto terá sido um eremita que viveu no século IX, no norte do país que, finda a sua isolada vida, terá sido sepultado em Tuy onde permaneceram as suas relíquias, alvo de peregrinação de muitos fiéis que o consideravam um santo muito “eficaz” contra as febres.
Segundo reza a tradição, a Rainha D. Mafalda, consorte de D. Afonso Henriques (século XII) terá mandado trazer a cabeça do santo para a Igreja de São Salvador de Gandra (em Cabeça Santa Penafiel). Parte dessa relíquia terá sido depositada na capela da “Santa Cabeça”na Igreja da Nossa Senhora da Consolação (a qual, embora tenha efectuado “apuradas” pesquisas, não consegui localizar), no Porto.
Todavia, o que hoje se celebra ainda com grande fulgor no Porto deve-se à assimilação deste santo com o S. João Baptista (também ele eremita e também decapitado por ordem de Herodes Antipas), que nasceu no dia 24 de Junho (razão do dia da festa) e a que o povo dedica grande devoção.
Os festejos começam no dia 23 à noite, normalmente com uma boa sardinhada bem acompanhada de vinho, cerveja ou sangria. Após o repasto organizam-se rusgas nas quais os foliões se munem de molhos de cidreira, alhos-porros e, mais recentemente, martelinhos de plástico com os quais batem (alguns bem freneticamente) na cabeça dos passantes e percorrem as zonas onde a folgança é mais intensa e mais típica: a baixa do Porto, as Fontainhas, a Ribeira, a Foz…
Festa eminentemente popular, provavelmente de origem pagã, tendo em conta alguns costumes e rituais que a caracterizam bem como a própria data, oportunamente próxima do solstício de Verão. O saltar das fogueiras, as cascatas (presépios de Verão) normalmente com água (fogo em oposição à água); o esfregar o orvalho do amanhecer pelo corpo enquanto gesto provocador de fertilidade; o possível simbolismo fálico do alho-porro; os ramos de cidreira (produto da terra) que se esfregam pelas cabeças dos passantes, são actos que nos levam a aceitar, a comprovar até segundo Hélder Pacheco, a relação dos festejos religiosos com os movimentos cósmicos.
O S. João do Porto terá sido um eremita que viveu no século IX, no norte do país que, finda a sua isolada vida, terá sido sepultado em Tuy onde permaneceram as suas relíquias, alvo de peregrinação de muitos fiéis que o consideravam um santo muito “eficaz” contra as febres.
Segundo reza a tradição, a Rainha D. Mafalda, consorte de D. Afonso Henriques (século XII) terá mandado trazer a cabeça do santo para a Igreja de São Salvador de Gandra (em Cabeça Santa Penafiel). Parte dessa relíquia terá sido depositada na capela da “Santa Cabeça”na Igreja da Nossa Senhora da Consolação (a qual, embora tenha efectuado “apuradas” pesquisas, não consegui localizar), no Porto.
Todavia, o que hoje se celebra ainda com grande fulgor no Porto deve-se à assimilação deste santo com o S. João Baptista (também ele eremita e também decapitado por ordem de Herodes Antipas), que nasceu no dia 24 de Junho (razão do dia da festa) e a que o povo dedica grande devoção.
Os festejos começam no dia 23 à noite, normalmente com uma boa sardinhada bem acompanhada de vinho, cerveja ou sangria. Após o repasto organizam-se rusgas nas quais os foliões se munem de molhos de cidreira, alhos-porros e, mais recentemente, martelinhos de plástico com os quais batem (alguns bem freneticamente) na cabeça dos passantes e percorrem as zonas onde a folgança é mais intensa e mais típica: a baixa do Porto, as Fontainhas, a Ribeira, a Foz…
São também muitas as barraquinhas de farturas e as vendas do tradicional manjerico “recheado” de quadras populares pejadas de brejeirices.
Um pouco por todo o lado são lançados balões de papel, com gomos de diversas cores, que sobem e se passeiam ao sabor da brisa enfeitando os céus da cidade.
Depois do imponente fogo-de-artifício lançado sobre o Douro, o folguedo continua pela madrugada dentro, sendo frequente terminar nas areias das praias da Foz e do Castelo do Queijo onde se recuperam forças, se curam grandes carraspanas enquanto os corpos se “banham” nas tradicionais “orvalhadas”.
Já manhã, para muitos, lá se regressa a casa para o tradicional almoço de anho. Isto, é claro, para os que ainda encontram ânimo para almoçar.
Um pouco por todo o lado são lançados balões de papel, com gomos de diversas cores, que sobem e se passeiam ao sabor da brisa enfeitando os céus da cidade.
Depois do imponente fogo-de-artifício lançado sobre o Douro, o folguedo continua pela madrugada dentro, sendo frequente terminar nas areias das praias da Foz e do Castelo do Queijo onde se recuperam forças, se curam grandes carraspanas enquanto os corpos se “banham” nas tradicionais “orvalhadas”.
Já manhã, para muitos, lá se regressa a casa para o tradicional almoço de anho. Isto, é claro, para os que ainda encontram ânimo para almoçar.
7 comentários:
Um beijo m grande e parabéns pelas palavras e imagens que por aqui sabes cruzar…
Obrigada minha amiga Celeste.
César.
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A arte de ser feliz
Houve um tempo em que minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,
e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,
e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Ás vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
Cecília Meireles
Hum! Isto é um convite? ;)
Convite? que convite, António? Não percebi!
Gostei da informação
àcerca do santo
por aqui é o s.pedro
Permita-me . Bjs.
É dia 29, não é verdade, mar arável? Era o dia de aniversário da minha avó.
Interessante.
Por aqui a festa é mais plástica (quer dizer de plástico), talvez porque o santo é de Pádua e tiveram de improvisar.
Não sei, confesso que não sou entendido na matéria.
O santo não é de Pádua, morreu em Pádua, como franciscano, onde se encontra sepultado. Foi também lá que se distinguiu pela oratória e pela sua generosidade para com os desprotegidos, os pobres. Contudo, nasceu em Lisboa, como Fernado de Bulhões (clã dos Bulhões e Taveira de Azevedo)e foi entre Lisboa e Coímbra, ainda na Ordem de Santo Agostinho, que se tornou um grande sábio. A celebração destas festas é um pouco mais tardia do que as de S. João e, naturalmente, estará um pouco menos ligada aos ancestrais rituais pagãos; até porque era no dia 24 de Junho( agora dia do S. João)que se faziam as fogueiras do Midsummer celebrando o solstício de Verão. É, contudo,também uma festa de cariz popular. A par dos arraiais populares coexistem eventos muito organizados como as marchas e os casamentos de Santo António.Aqui no Porto não há verdadeiramente nada organizado. As pessoas limitam-se a deambular pelos locais mais típicos tal como digo no post. A única coisa que requer organização é o fogo de artifício.
Agora a verdade é que também por aqui já vai ficando tudo muito plastificado. O que vale é a teimosia de alguns que não prescindem da cidreira e do alho porro e até de alecrim e alfazema.
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