Estabelecimento prisional d Peniche
Estabelecimento prisional de Caxias
Tarrafal, cela, Campo da morte lenta
Tarrafal , colónia penal na ilha de Santiago, Cabo Verde
Estava eu confortavelmente sentada enquanto sorvia, paulatinamente, o meu “cimbalino” pós- prandial (lindo!) quando, a passar os olhos de forma bastante displicente, ensonada até, pela revista Tabu, li algo que, não só me despertou completamente como me indignou ao ponto de estar a escrever sobre um assunto que faz parte daqueles que costumo evitar aqui.
Tema que ocupava várias páginas era a notícia que dava conta da publicação de mais um livro sobre Salazar intitulado “Os meus 35 anos com Salazar”. Entre fotografias diversas e “caixas” realçando aspectos da personalidade do Sr. Doutor, a revista disponibiliza também, em pré-publicação excertos do primeiro capítulo intitulado, surpreendam-se, “A pupila do Sr. Doutor”.
Escrito por Maria da Conceição Rita e Joaquim Vieira, sendo a primeira uma (para mim completa desconhecida, confesso) protegida do ditador, segue, aparentemente e de acordo com a amostra a tendência que parece estar em voga do branqueamento da imagem de Salazar.
É verdade que o tempo se encarrega de “arrumar” a história; é verdade também (pelo menos eu acredito) que todos os homens, mesmo os mais perversos e retorcidos, têm uma faceta, por pequena que seja, melhor, mais humana.
Mas, lá porque o Sr. Dr. se deixava governar (em termos domésticos, claro) pela “tia Maria”, lá porque permitia que a sobrinha da dita tia lá permanecesse em casa e até lá porque lhe contava histórias ao deitar e nem era nada soturno, não podemos, não temos o direito, de esquecer que foi este “simpático” senhor o ditador com um enorme “currículo” de tristes responsabilidades.
Responsável
Tema que ocupava várias páginas era a notícia que dava conta da publicação de mais um livro sobre Salazar intitulado “Os meus 35 anos com Salazar”. Entre fotografias diversas e “caixas” realçando aspectos da personalidade do Sr. Doutor, a revista disponibiliza também, em pré-publicação excertos do primeiro capítulo intitulado, surpreendam-se, “A pupila do Sr. Doutor”.
Escrito por Maria da Conceição Rita e Joaquim Vieira, sendo a primeira uma (para mim completa desconhecida, confesso) protegida do ditador, segue, aparentemente e de acordo com a amostra a tendência que parece estar em voga do branqueamento da imagem de Salazar.
É verdade que o tempo se encarrega de “arrumar” a história; é verdade também (pelo menos eu acredito) que todos os homens, mesmo os mais perversos e retorcidos, têm uma faceta, por pequena que seja, melhor, mais humana.
Mas, lá porque o Sr. Dr. se deixava governar (em termos domésticos, claro) pela “tia Maria”, lá porque permitia que a sobrinha da dita tia lá permanecesse em casa e até lá porque lhe contava histórias ao deitar e nem era nada soturno, não podemos, não temos o direito, de esquecer que foi este “simpático” senhor o ditador com um enorme “currículo” de tristes responsabilidades.
Responsável
- pelo obscurantismo em que o país viveu mergulhado durante 40 anos (36 enquanto Presidente do Conselho) colocando-o na cauda da Europa;
- pelo corporativismo; pelo autoritarismo levado ao extremo, anti-democrático, repressivo;
- por um regime político que teve honras de nome próprio “Salazarismo”, fascista, colonialista que se apoia na censura, na propaganda, na ideologia católica (Deus , Pátria e Família);
- pela utilização da PIDE, mais tarde DGS para tentar neutralizar quem se lhe opunha, responsável por milhares de presos políticos, mantidos em condições infra-humanas (lembremos apenas o Tarrafal e Caxias), sujeitos a torturas absolutamente inconcebíveis se considerarmos que já não estávamos na Idade Média, que os levavam, em muitos casos, à morte;
- pelos processos eleitorais fraudulentos;
- pelo assassinato de Humberto Delgado e de outros eminentes anti-fascistas;
- por uma interminável guerra colonial condenada desde início;
Poderia continuar a lista, muito mais haveria a dizer, contudo eu não creio que seja necessário porque, muito simplesmente, me recuso a acreditar que a memória das pessoas seja tão curta que já tenha esquecido um período da história ainda tão próximo, tão presente, vivido por alguns de nós de forma mais ou menos consciente, mais ou menos interventiva mas vivido.
Permitam-me repetir: não temos o direito de esquecer a nossa História e, pior do que isso, não temos o direito de a distorcer ao sabor das modas.
Poderia continuar a lista, muito mais haveria a dizer, contudo eu não creio que seja necessário porque, muito simplesmente, me recuso a acreditar que a memória das pessoas seja tão curta que já tenha esquecido um período da história ainda tão próximo, tão presente, vivido por alguns de nós de forma mais ou menos consciente, mais ou menos interventiva mas vivido.
Permitam-me repetir: não temos o direito de esquecer a nossa História e, pior do que isso, não temos o direito de a distorcer ao sabor das modas.
2 comentários:
Subscrevo na totalidade. É vergonhosa a campanha de branqueamento de Salazar.
Afinal Salazar era maçon, de acordo com o livro «Salazar, o maçon» da Bertrand Editora, publicitado neste site http://nao-ficcaoportuguesa.blogspot.com/2009/03/novidade-em-abril.html e também à venda aqui: http://www.leiloes.net/SALAZAR-O-MAON-,name,2659342,auction_id,auction_details
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