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sábado, 3 de agosto de 2013

O Medo



O medo começa num ponto frio no centro da barriga
e cresce em ondas de fogo e gelo
criando côncavos profundos
e esquinas vivas  onde me sento e espero.
Insinua-se nas mais recônditas sinapses e veste-se de cinzas
e roxos e castanhos muito feios e muito baços.
Por vezes, o medo, torna o ar duro, denso e ácido
e fá-lo crescer demais na garganta e impede-me de gritar.
E mastigo-o, mastigo-o sem parar e sem me dar conta que o faço…
O medo faz-me pesar as pálpebras e fecho-as
com muita força porque não posso com elas.
E elas tombam quase até aos pés.
E as lágrimas não têm por onde sair e secam.
Sem lágrimas tenho os olhos baços e secos e redondos e em fogo.
O medo começa num ponto muito frio no centro da barriga
e não termina nunca.

Nem quando se incendeiam os olhos…