Gosto muito dos Domingos.
Os Domingos são, definitivamente, uma coisa boa!
São aqueles dias em que acordamos com uma, mais adivinhada
do que presente, sensação de resiliência.
Experimentamos aquela estranha compulsão de sermos mais
felizes do que habitualmente, de estarmos mais contentes do que habitualmente, mais
soltos do que habitualmente, de fazermos coisas mais divertidas, mais
estimulantes, mais relaxantes, mais … do que habitualmente.
De sermos, mais do que habitualmente, aquilo que supomos mais nós.
É o dia em que nos apetece o azul, o amarelo ou até o lilás.
Apetece-nos um sol que não seja apenas uma metáfora e que os pássaros, as
flores, as borboletas não sejam apenas a métrica de uma saudade.
Mas, às vezes, nos Domingos, vivem-se devagarinho os
minutos, um de cada vez, com sabor a horas que sabem a dias, que sabem a anos
que, afinal, se esgotaram em meros segundos.
Às vezes, nos Domingos, derivamos assustados e sem pé por
entre a escassez das rotinas; por entre o pó de uma fantasia que se esfumou e
se perdeu na realidade suja de silêncios, de ausências, de estorvos, de
palavras frouxas, ou azedas, ou azedas e frouxas…
Por vezes, nos Domingos, não conseguimos mais do que um
cinzento que nos obscurece todas as flores, todas as borboletas, todos os
pássaros, os rios, os sonhos… e mesmo as metáforas de todos os sóis e de todas
as luas…
E aos Domingos estamos mais atentos e sentimos mais…
Os Domingos, às vezes…
Às vezes nos domingos tenho sal nos olhos e choro.