"...e ajusto os cantos do sentir"
Estou tão triste hoje!
E doí-me sobretudo porque não
vislumbro nenhuma razão mais especial para esta pena que se instalou em mim.
Não. São estas coisas apenas de
pensar que chegam de mansinho e se arrumam nas nossas cabeças…
São lembranças de cores sombrias
que se arrastam até encontrarem o lugar certo na memória. E doem.
É aquela
ponta pequenina de saudade que, como um afiado aguilhão, se me encosta à
ilharga da lembrança.
É aquele fragmento tão minúsculo de um tempo que não vivi
mas no qual não me encontrarei mais.
É a sugestão da desilusão, do fim
de um ciclo, de uma era que o não foi. Um relógio que parou antes mesmo de ter
tempo para o tempo.
Hoje, saio de mansinho com os
olhos pela janela, penduro-me na laranjeira do jardim, aconchego-me nas folhas
verdes e ajusto apenas cantos de sentir…