O p'ra isto! O pessoal a sofrer! Mas há pior, que há!
Por razões que não vêm agora ao caso ando a reler alguns dos poetas do século XVIII. De entre eles, destaca-se, na sátira, o Nicolau Tolentino. Pois decidi (ainda estamos suficientemente próximos do Carnaval para o fazer) disfarçar-me de Tolentina de 3ª categoria e satirizar a Susana à má maneira oitocentista.Perdoe-me Susana mas, a verdade, tenho que o confessar, é que não sei o que faço!!!!
Ah! A Carlota é, naturalmente, a minha musa...
As Susanas *
Carlota, pois cuidas que é mal A sanha de alguns professores Só porque lês no jornal Uma panóplia de horrores Dignos de um Juvenal???
Mas tu, de minar não cessas, Qual é a tua intenção? Impossíveis, não me peças, Pois que queres que faça então, Se a Susana é mesmo dessas?!
Dizes que uma aula da Susana Te faz esconjurar piedade Seja qual for a alma humana Que caia em tal iniquidade Por descuido, ou por insana…
Dizes tu, como animal, Que o instinto proíbe a dor E que surda a esse mal A Susana é um terror Para com o seu igual.
Carlota, não discorres bem: É que em vós, os animais, O instinto intervém! E nós, humanos, mortais, Desprovidos desse bem Somos mauzinhos, viscerais.
As Susanas precisas são! São boas para nos moer! Até têm a consideração De não nos deixarem morrer No decurso da lição!
É também uma, a verdade: Ficavam as águas vazias! E a Susana, ao fluir a idade, Iria contar os seus dias Consumida de saudade…
Com um beijo GRANDE e desejos de um dia muito bem passado, aquela que, como sabe, a estima muito e não a considera de todo “the ogress” que aqui descreve:
Embora não se insira nem um pouco na linha editorial que norteia este blogue, não posso deixar de partilhar convosco este "mimo" musical. Sem o conhecermos ficamos, seguramente, muito empobrecidos.
Aproveito para o dedicar, como primeiro presente, à minha amiga Susana que faz hoje anos.
Ontem tive um dia verdadeiramente profícuo no que diz respeito ao meu, sempre subjacente desiderato, de me tornar uma pessoa mais ilustrada.
Não que tenha, de algum modo, coberto este corpinho de musa serôdia com ilustrações tatuadas, a torto e a direito, pela sua vastidão. Mas porque assisti e participei em dois eventos culturais deveras agradáveis que me proporcionaram um “apport” cultural muito interessante.
Começarei pelo segundo, porque eu sou assim e uns dias mais do que outros não gosto de seguir regras. Mas ainda porque o segundo foi aquele em que de facto participei fazendo aquilo que, julgo eu, sei fazer; ler poemas.
Ontem, pelas 21,30 fui ajudar numa apresentação do primeiro livro de poemas de um GRANDE amigo meu, César Augusto Romão. “Tanto ar” da “Propagare” Editora.
Quem por aqui vai passando sabe, certamente, que não comento poesia.
Sinto poesia! E dependendo da forma como a sinto, gosto ou não gosto.
Um mesmo livro de poemas pode conter algum que me preenche inteiramente os sentidos, que amo, e os restantes a suscitarem-me maior ou menor indiferença, repulsa até.
Porém, este livro constituído por pequenos poemas, alguns mesmo algo epigráficos, teve o condão de me afagar os sentidos acordando-os de forma doce, simples, despretensiosa, pueril até, mas bela, serena e inocente.
É verdade que se trata da obra de um amigo meu e, por isso, seguramente não consigo a isenção necessária para uma análise fria. Poder-se-á dizer que “estou comprada”.
A apresentação propriamente dita esteve a cargo do comunicador fabuloso que é Danyel Guerra.
Viajou um pouco através da história da poesia, enalteceu características, deixou desafios, interagiu com o auditório, numa intervenção de elevadíssima craveira cultural onde muito pôde ser aprendido (sem nunca ter perdido o tom coloquial que o caracteriza) que, no meu ponto de vista, pecou apenas pela tendência para a divagação perdendo-se, por vezes, do objectivo principal; falar da poesia do César.
O evento teve lugar no “Sputnik”, associação cultural localizada no Marquês do Pombal, no Porto.
Excelentes, a meu ver, e de uma importância determinante, as vozes da Olga e do Carlos Lopes que me coadjuvaram na leitura dos poemas.
Quanto ao outro evento, que aconteceu antes deste, devo dizer apenas que tive uma das melhores lições de história da literatura de que tenho memória.
Foi na FNAC e foi a apresentação do livro de Danyel Guerra (não voltem atrás, não é necessário, é o mesmo sim senhor…) “Tomás Gonzaga Em busca da musa Clio”.
Em relação a este, obviamente que não vou tecer considerações. Ainda não o li.
Agora algumas coisas posso já dizer em relação à sua publicação. É curioso que haja um interesse real pela reabilitação de alguns dos nossos poetas clássicos que caíram, literalmente, no mais profundo esquecimento.
Aliás, se eu perguntar agora mesmo alguém sabe de quem se trata? Pois é. Poucos… E sempre os mesmos… Sabem que é poeta porque, se leram com atenção, eu já o disse ali atrás. Contudo não vos dirá nada.
Se é certo que ele passou uma grande parte da sua vida no Brasil onde provavelmente foi mais produtivo em termos literários (e, curiosamente, onde está muito bem estudado fazendo até parte dos currículos escolares) a verdade é que nasceu no Porto, é português e, na boca de quem sabe (Vitorino Nemésio, por exemplo) um dos precursores do romantismo por algumas das características evidenciadas na sua obra de referência “Marília de Dirceu”.
Bem, mas isso eu até já sabia, agora não vos conto o que eu aprendicom, como já referi, a excelente aula dada pelo Danyel que fez um périplo por toda a poesia desde os clássicos, ao movimento árcade, aos românticos, até aos contemporâneos exibindo, despudoradamente, todo o seu saber e todo o seu amor pela literatura sobretudo pela poesia.
E, acreditem ou não, ficaria com todo o gosto e sem qualquer enfado, toda a tarde cavaqueando (porque é assim que o Danyel está perante quem o ouve) acerca destes temas literários e históricos. E não. Não sou sádica!
É verdade. Embora possivelmente traumatizada para todo o sempre e derrubada pela minha pequenez (comparativamente falando), ontem tornei-me uma pessoa muito mais rica.
Foi a primeira coisa que ouvi hoje de manhã. E, confesso, soube-me tão bem que não pude deixar de partilhar!
Apreciem também o poema...
Blowin' In The Wind
How many roads must a man walk down Before you call him a man? Yes, 'n' how many seas must a white dove sail Before she sleeps in the sand? Yes, 'n' how many times must the cannon balls fly Before they're forever banned? The answer, my friend, is blowin' in the wind, The answer is blowin' in the wind. How many years can a mountain exist Before it's washed to the sea? Yes, 'n' how many years can some people exist Before they're allowed to be free? Yes, 'n' how many times can a man turn his head, Pretending he just doesn't see? The answer, my friend, is blowin' in the wind, The answer is blowin' in the wind. How many times must a man look up Before he can see the sky? Yes, 'n' how many ears must one man have Before he can hear people cry? Yes, 'n' how many deaths will it take till he knows That too many people have died? The answer, my friend, is blowin' in the wind, The answer is blowin' in the wind.
Já que não danço e fui hoje posta a reflectir sobre qual seria o tango que escolheria para dançar se pudesse dançar apenas um, deixo-vos aqui algo para, como eu, se regalarem a ver e a ouvir.
Já agora, o que eu escolhi, não foi este. Foi também de Piazzolla mas o "Libertango". Esta composição tem o nome de "Panic". Linda! E lindos os dançarinos!