Há já muito tempo que permaneço agarrada à leitura do mesmo livro. Não é muito vulgar comigo. Contudo, atendendo ao livro em causa e aos acidentes de percurso, sobretudo psicológicos, que a minha vida tem levado, não é de estranhar.
Estou a ler “Ontem não te vi em Babilónia” de A. L. A..
Sei bem que talvez não seja a ocasião mais adequada para o ler pois a escrita de Lobo Antunes não se compadece com mentes menos atentas ou que partilhem as suas concepções com outros ruídos… É que todas as suas palavras estão lá por uma razão. Não podemos perder nada. Assim, tal como Lenine disse (Vladimir Ilitch Lenine – “Um passo em Frente dois passos atrás” 1904), tenho dado alguns passos à frente e muitos atrás.
Hoje de manhã, depois de acordar, peguei no livro e, quase de imediato, tropecei neste pedaço de escrita absolutamente fabuloso:
“….deviam chover lágrimas quando o coração pesa muito e há momentos, palavra de honra, não se compreende o motivo, mas pesa, sente-se dentro o
(ia escrever o incómodo e não incómodo conforme não tristeza, não dor, como se traduzir isto, não sei)
Deviam chover lágrimas quando o coração pesa muito e há momentos palavra de honra que pesa
(para já fica assim)…
Como são assertivas estas palavras e, contudo, como duvidam de si próprias… E, apesar das incertezas, que outra forma há, mais acertada, de exprimir algo inexprimível?
Como as entendo bem ! Como as sinto também!
E então li, reli e voltei a ler. E, sabem que mais? Não passei dessa página, hoje.
(Imagem daqui)